domingo, 10 de maio de 2009

Dos julgamentos sumários da mídia

É enorme a facilidade da mídia para impor julgamentos, condenações. O método é batido mas continua eficiente.

O primeiro passo é definir o que quer, se condenar o “bandido da vez” ou absolver o aliado. Aí, trata-se de demonizar o “bandido da vez”, como é o caso do tal deputado do castelo, ou demonizar o xerife, no caso do Protógenes.

Nem vamos entrar na análise das suas culpas, mas do método de manipulação jornalístico. O deputado deve ser julgado com isenção e, se comprovadas culpas ligadas ao mandato, ou crimes fiscais efetivos, que perca o mandato.

O que ocorreu, no entanto - e sempre ocorre em eventos estrambólicos, como um deputado quebrado dono de um castelo - é o julgamento sumário. Cria-se o carnaval e exige-se a punição. E aí entra o segundo deputado, o tal que deveria analisar o caso e, pressionado, informa que vai analisar de acordo com as provas, sem se submeter a pressões, e se disse “lixando” para a opinião pública ou do jornal.

O tal deputado gaúcho é santo ou demônio, tem reputação ilibada ou é suspeito, pouco importa. Ele só é relevante porque está analisando o caso do deputado do castelo e declarou que pretende analisar sem se submeter às pressões da mídia. Esse é o ponto central da questão. E quem ousa dizer que ele está errado? Fosse mais magistrado, e menos advogado, não fosse tão vergonhosamente parcial, Gilmar Mendes, o campeão dos direitos individuais do Daniel Dantas daria razão ao deputado.

A mídia nem quis saber se ele estava certo ou não nas suas declarações - e estava. Tratou de liquidar a questão sem entrar no mérito dela, simplesmente fuzilando a reputação do tal deputado. Vasculharam sua vida, tiraram da gôndola de acusações disponíveis o necessário e mandaram bala. Se a posição dele fosse outra, sua biografia poderia ser três vezes pior e ele seria poupado.

Veja, então, que a mídia se outorga o poder de selecionar qual a sua verdade e de fuzilar quem se meter no seu caminho. Apela de modo recorrente a esta prática da desqualificação da parte contrária. Quem for contra, quem for crítico, quem pensar diferente, é fuzilado, independentemente de estar certo ou não. Se não tiver faltas graves, fabricam-se.

Ora, não se está julgando o deputado mas sua posição no episódio. E, sendo bronco ou não, sendo dono de zona ou não, sua posição é a que mais está de acordo com as normas de direito individual. E a posição da mídia é a que mais se aproxima da selvageria dos julgamentos sumários.

A humanidade levou séculos para aprimorar princípios básicos de direitos individuais. São princípios de civilização. No entanto, o primarismo de alguns analistas pavlovianos leva a essa tese esdrúxula de que princípios devem ser aplicados nos Tribunais, porque juiz não foi eleito. Como político foi eleito, tem que abrir mão desses princípios e atender ao clamor das ruas. E por tal, entenda-se, a opinião formada pelo clamor da mídia. Conseguiram segregar até princípios básicos de civilização.

É de uma ignorância monumental. Parece a história de que só não pode beijo na boca.

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