segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Uma saudação à Comissão da Verdade

Tenho sérias restrições ao grupo RBS e tudo o que representa para o RS em termos de manipulação dos fatos e distorção da verdade nos 50 anos de sua existência. Porém, isto não me impede de saudar quando um jornalista de seus quadros torna público um texto tão sensato quanto o que veremos abaixo. Filho do Saudoso Dilamar Machado, André Machado honra o nome que carrega. Afinal, nem tudo parece perdido: 

Uma saudação à Comissão da Verdade

Tarso Genro anunciou os integrantes da Comissão
Foto: Camila Hermes / Especial Palácio Piratini
Sei que tem muita gente torcendo o nariz, mas quero aqui exaltar que o Governo do Estado tenha instalado a sua Comissão da Verdade. Conhecer o passado nunca é demais. Especialmente um passado marcado pela tortura, pela falta de liberdade, pela repressão. Não há como não se chocar com as crueldades que tinham lugar em prédios públicos e eram praticadas por agentes pagos pelo Estado brasileiro. Do seu ICM, do seu Imposto de Renda, saia o financiamento da tortura.
Quem quiser 'pegar leve' leia Operação Condor: O Sequestro dos Uruguaios. Vai ver como dentro do que chamamos de Palácio da Polícia se cometiam crimes. Há outros relatos bem mais pesados.
Conheço a argumentação de quem é contra. Falarão da lei de anistia, de que quem lutava contra o golpe também cometeu crimes, do terrorismo. Estes, de alguma forma, já foram punidos. E punidos fora da lei. Punidos nos paus de arara, nos choques elétricos.
Nelson Mandela destacou que quem escolhe a forma como a luta será travada é o opressor. As surras que o MDB dava nas urnas na Arena a partir de 1974 deixava claro aos golpistas que pelo voto eles seriam retirados do poder.
Nasci e fui educado durante o regime militar convivendo com um pai cassado pela ditadura. Aprendi em casa o que era não ter liberdade. Meu pai não podia votar, não podia expressar sua opinião sob o risco de ser expulso do país.
Saúdo esta comissão do Governo do Estado não por buscar punir alguém. Justamente pelo contrário. Para que sejamos proprietários daquilo que um povo tem de mais bonito que é a sua história. A verdade não fere a lei de anistia. Há uma frase do governador Tarso Genro que expressa bem este sentimento. "Reconhecer o passado é construir o futuro e construir o futuro significa dizer nunca mais."

Do Blog Esquina Democrática

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