quinta-feira, 1 de outubro de 2009

“Muita terra na mão de poucos”. E ainda dizem que o Stédile é radical

Na foto, no momento em que pedia reforma agrária !

Na foto, no momento em que o redator do Globo pedia reforma agrária !


Esta manchete “Muita terra na mão de poucos” NÃO é de um boletim do MST !

Nem foi extraída de um panfleto mimeografado com a assinatura do Lênin, distribuído em Moscou em 1916.

Não, amigo navegante, pasme, é a manchete do Globo de hoje.

Do Globo !

Que continua assim, na capa da seção de Economia

“Censo revela que acesso ao solo é mais desigual que a distribuição de renda no país.”

Trata-se do Censo Agro-Pecuário, que visitou mais de cinco milhões de fazendas em 2006 e foi divulgado ontem pelo IBGE.

O Brasil tem uma concentração de terra pior que a da NAMÍBIA !

Diz o Globo, esse notório panfleto leninista:

“O Índice de Gini do uso do solo no Brasil é de 0,872, muito próximo de um, o que indicaria o nível máximo de concentração” (se o Gini fosse UM, significaria que uma pessoa teria todas as terras do Brasil – PHA).

Em 1996, quando foi feito o último Censo, a taxa era de 0,856.

A concentração da terra no Brasil é 67% superior à da renda no país…”

Ou seja, a concentração aumentou de forma significativa.

- É uma concentração gigantesca e imoral, diz Lênin, quer dizer, Brancolina Ferreira, pesquisadora do Instituto de Pesquisa econômica Aplicada , o IPEA, na área de desevolvimento rural.

Continua Lênin, quer dizer, a socióloga Brancolina Ferreira: “Esse dado dá força à reforma agrária, o único programa faz redistribuição do patrimônio no Brasil.”

E viva a senadora Kátia Abreu, que acreditou na Veja e quer encarcerar o Stédile !

E viva o Ministro da Agricultura, que boicota a atualização do índice de produtividade da terra, que o presidente Lula mandou fazer.

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: a base de sustentação do governo conseguiu sepultar a CPI do MST. Segundo informação da secretaria da Mesa Diretora do Senado, ontem à noite 43 deputados retiraram suas assinaturas do requerimento, que acabou arquivado. Veja abaixo a nota do MST:

Apoio da sociedade ao MST inviabiliza instalação de CPI

A secretaria da Mesa Diretora do Senado informou que o requerimento de criação da CPI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) contra o MST foi arquivado, por conta do número insuficiente de assinaturas de parlamentares para garantir a sua instalação. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), os deputados federais Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS), líderes da bancada ruralista no Congresso Nacional, protocolaram no dia 17 de setembro um pedido de CPI contra o MST.

O MST tinha denunciado que a instalação de uma CPI era uma represália às lutas pela revisão dos índices de produtividade. “Vamos continuar a luta pela atualização dos índices de produtividade, que estão defasados desde 1975. Precisamos de medidas concretas para enfrentar a concentração de terras, que está aumentando no país”, afirma a integrante da coordenação nacional do MST, Marina dos Santos.

Segundo ela, apoio de entidades, intelectuais, professores, juristas, escritores, artistas e cidadãos do país e do exterior impediu a instalação da comissão, com a desistência de 45 deputados federais. “O apoio da sociedade brasileira e a solidariedade internacional foram fundamentais para inviabilizar a criação de uma CPI para fazer perseguição política ao nosso movimento”, afirma Marina.

Manifesto

Como resposta à represália da bancada ruralista, foi lançado um Manifesto em Defesa da Democracia e do MST, a partir da iniciativa do presidente da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), Plínio de Arruda Sampaio, do coordenador do Núcleo Agrário do PT e ex-presidente do Incra, Osvaldo Russo, dos escritores Hamilton Pereira e Alípio Freire e da socióloga Heloisa Fernandes, que escreveram o texto e contribuíram no levantamento de assinaturas.

O documento, que recebeu mais de 4000 assinaturas, foi assinado pelo crítico literário Antônio Cândido, o filósofo Leandro Konder, o escritor Fernando Morais, o fotógrafo Sebastião Salgado e os juristas Fábio Konder Comparato, Jacques Alfonsin e Nilo Batista. Do exterior, aderiram os intelectuais Noam Chomsky (EUA), Eduardo Galeano (Uruguai), István Mészáros (Hungria), Immanuel Wallerstein (EUA) Miguel Urbano (Portugal), Vandana Shiva (Índia), Slavoj Zizek (Eslovênia), Tariq Ali (Reino Unido/Paquistão).

Dirigentes das entidades da sociedade e dos partidos de esquerda também assinaram o manifesto, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Conlutas, Força Sindical, Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), UNE (União Nacional dos Estudantes), ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Marcha Mundial das Mulheres, Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores), CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), Abong (Associação Brasileira de ONGs), Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) e Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), além de PT, PCdoB, PCB, PSOL, PSTU e PDT.

Do Conversa Afiada

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