sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Golpe de mestre?



Por Lupiscinio Pires

Em 11 de novembro de 2009, o jornalista Paulo Santana fez um coluna histórica intitulada “Golpe de Mestre”. O texto produzido pelo ícone do jornalismo gaucho previa uma mudança do quadro sucessório do Rio Grande do Sul. Alertava os analistas politicos para o golpe mestre da Governadora Yeda Crusius (PSDB) ao enviar os projetos referentes à Brigada Militar e ao magistério público. Ficou tão emocionado que chegou a escrever:

“Eu não sei se os leitores estão notando a repercussão político-eleitoral dessa medida. É alguma coisa quase surreal”.

Visivelmente eufórico praticamente proclamou a reeleição da atual governadora:

“Só que o Estado deve ter alguma coisa em torno de 250 mil funcionários, entre ativos e inativos, se mutiplicarmos isso por mais três familiares, temos aí 1 milhão de gaúchos, 250 mil mais 750 mil, beneficiados pela nova e revolucionária política salarial da governadora. Só aí temos mais de 1 milhão e meio de gaúchos potencialmente inclinados a votar na reeleição de Yeda, contando os parentes mais distantes dos funcionários.”

As ultimas pesquisas evidenciam que o propalado Golpe de Mestre está fracassando. No Instituto Methodus, a rejeição da Governadora Yeda está próximo dos 60%. No DataFolha, a governadora ostenta o pior desempenho entre os pesquisados, sendo ultrapassada inclusive pelo execrado José Arruda (DEM), do Distrito Federal.

Maior defensor do governo Yeda na mídia do RS, o jornalista Paulo Santana esqueceu de dizer que enquanto 30% dos professores receberiam aumentos, 70% não receberiam um centavo de reajuste. A mesma distorção repetia-se no projeto da Brigada .

No auge dos escândalos do Detran, a coluna mais lida do RS se ocupava do perfil psicológico do maníaco austríaco que manteve sua filha do cativeiro por 20 anos. Na conversa escabrosa gravada pelo vice-governador Paulo Afonso Feijó com o então chefe da Casa Civil, Cezar Busatto, a conduta de Feijó foi duramente criticada pelo jornalista. O financiamento de campanhas patrocinados pelo DAER e Banrisul não mereceram a análise do colunista. Mais tarde proferiu críticas às escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal, esquecendo de dizer que as mesmas são autorizadas judicialmente.

Em 13 de novembro de 2008, em plena polêmica da prorrogação dos pedágios, o jornalista escreveu uma coluna intitulada “Duas visões do pedágio”. Nela, são transcritos quatro depoimentos anônimos de caminhoneiros a favor dos pedágios:

“E nesse sentido informo à opinião pública gaúcha que os caminhoneiros adoram trafegar por estradas pedagiadas. Quem não gosta de pedágios são os transportadores que contratam os caminhoneiros. Ou seja, quem usa as estradas pedagiadas não quer outra vida, está num paraíso. No caso, os caminhoneiros.”

Isto sim, é SURREAL. Os preços dos pedágios praticados no RS são os mais caros do Brasil. Especialmente para o setor do transporte de cargas. É praticamente um consenso que os preços são altíssimos. Em sua coluna, o Sr. Paulo Santana esqueceu de dizer que os preços altos dos pedágios influem decisivamente no custo dos produtos e também na segurança das estradas em razão do maior número de fretes que precisam ser realizados em menos tempo. Isto é de uma clareza impressionante. Menos para os quatro caminhoneiros anônimos citados na coluna.

Faltam 10 meses para sabermos se o “Golpe de Mestre surreal” previsto pelo jornalista Paulo Santana vai se confirmar. Os números das pesquisas são dramáticos para o governo Yeda. Talvez lá pelo mês de maio de 2010, surja uma coluna intitulada “Golpe de Mestre II”. Quem sabe, a partir daí, a candidatura Yeda decole.

Ilustração: Sátiro-Hupper

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