quarta-feira, 7 de abril de 2010

Caso Eliseu: reportagem bota o dedo na ferida



Finalmente parece que a imprensa local se livrou da tutela da polícia na cobertura do asssassinato de Eliseu Santos, secretário municipal da Saúde em Porto Alegre.

A Zero Hora desta quarta feira, 7 de abril, bota o dedo na ferida.

Numa reportagem que mobilizou cinco dos seus melhores repórteres, o jornal levanta a história e os descaminhos da empresa de segurança Reação, cujo proprietário é acusado pelo MP de ser o mandante do crime.

O que impressiona é que, com todo o histórico de irregularidades e denúncias envolvendo a empresa, que motivaram até uma sessão da Câmara de Vereadores, a Reação e seu proprietário não tenham sido incluídos nas investigações da polícia.

Fora isso, impressiona também a série de fatos escabrosos que até agora não haviam merecido a devida atenção.

Por exemplo: em 2007, a Reação era uma das 15 empresas de segurança privada denunciadas pelo Conselho de Administração de Defesa da Economia (CADE) pela formação de cartel.

As empresas combinavam os preços para disputar as licitações junto ao setor público – municipal, estadual e federal! – e isso foi provado inclusive por gravações, num processo de 18 mil páginas. As empresas foram multadas em R$ 42 milhões!

A Polícia Federal imediatamente rompeu o contrato que tinha com a Reação, para segurança de sua sede em Porto Alegre. Mas a prefeitura manteve os dois contratos, que só foram rompidos no ano passado, quando estouraram as denúncias de propina.

Nesses três anos (2007, 2008, 2009) a prefeitura pagou R$ 9,5 milhões à Reação . O contrato foi renovado apesar de pareceres jurídicos contrários.

Em seu depoimento na Câmara, em maio do ano passado, Jorge Renato de Mello, o proprietário da Reação (ou que se apresentava como proprietário, porque não está clara a situação societária da empresa) disse coisas espantosas.

Em primeiro lugar confirmou o pagamento de propina. Disse que sofria atrasos nos pagamentos, mas depois que passou a pagar suborno (R$ 10 mil inicialmente) recebia antes de qualquer credor!

Mais: que a firma que venceu a concorrência na qual a Reação perdeu o contrato apresentou documentos adulterados!

Em síntese: independente do desfecho do Caso Eliseu, está aberto o caminho para a CPI na Câmara Municipal e o que surpreende é que a base aliada tenha conseguido evitá-la até agora, dada a gravidade dos fatos.


Do Jornal Já

Nenhum comentário:

Postar um comentário