terça-feira, 20 de abril de 2010

Quanto vale o PP pós-Detran?

Antes que se descobrisse, por aqui, a fraude do Detran, que expôs líderes políticos locais como José Otávio Germano, Antônio Dorneu Maciel, Flávio Vaz Netto, Marco Peixoto, Bira Vermelho e outros, a ala gaúcha do Partido Progressista (PP) fazia um enorme esforço para se diferenciar de sua direção nacional por conta da influência, lá em cima, de Paulo Maluf. Depois do escândalo do Detran, o trabalho passou a ser de recuperação da própria imagem.

Mas mesmo debilitadíssimo, o PP gaúcho mantém, no interior do Estado, uma estrutura grande de prefeitos e vereadores que o faz parecer um parceiro interessante para quem almeja, como José Fogaça (PMDB) ou Beto Albuquerque (PSB), eleger-se governador, ou como Yeda Crusius (PSDB), reeleger-se governadora. A aposta dos três deve estar baseada na confiança de que os adversários não devem explorar os escândalos em seus programas eleitorais.

Em todo o caso, o assédio ao PP continua. E o partido, que apesar do tamanho tem sido linha auxiliar dos governos (à exceção do de Olívio Dutra) desde o fim da administração Jair Soares, vem valorizando o seu passe. Na última segunda-feira (19), decidiu que só embarca na canoa de Yeda se o PSDB aceitar a coligação também na eleição proporcional. Significa que os deputados mais votados da aliança (e não os de cada partido) é que ganharão as vagas obtidas a partir do quociente eleitoral. Como os tucanos são ruins de voto e alguns pepistas já figuraram entre os campeões nas urnas, o grande risco é que o PSDB acabe naufragando de vez no Estado. Reduzida também, fica, por tanto, a chance de coligação.

Contra o apoio à Fogaça pesa o fato de a maioria da base do PP já ter manifestado sua simpatia por Yeda. Mas o ex-prefeito que segundo os municipários da Capital, “desistiu de Porto Alegre”, não perdeu a esperança de, com os ex-arenistas, ampliar seu leque de alianças e seu tempo de propaganda no rádio e na tv. Fogaça terá, ainda, problemas com o PDT, aliado principal. O bafejador Pompeu de Mattos e seus companheiros trabalhistas conhecem muito bem o apetite do PP por cargos de primeiro escalão… E sabem que o preço de um apoio incluirá, no mínimo, três ou quatro secretarias importantes. Para que se tenha uma idéia, no governo Yeda o PP já comandou a Segurança, a Agricultura e a Casa Civil sem falar na Ciência e Tecnologia. Por que razão exigiria menos de Fogaça?

Por fora, corre Beto Alburquerque em cuja boca o PP botou açucar e está prestes a colocar uma dose de remédio azedo. Os progressistas passaram meses insuflando o candidato do PSB muito mais para distanciá-lo do PT do que verdadeiramente para apoiá-lo. Beto que, reconheça-se, vem tendo a coragem de arriscar a continuidade quase garantida de seus destacados mandatos de deputado federal, ainda acredita que pode ter o PP como parceiro, mas as chances são cada vez menores. Aí é o PP quem teme ver sua bancada reduzida. Sem falar na dificuldade de encontrar pontos ideológicos comuns.

Quieto publicamente mas ativíssimo por dentro, está o PPS, primeiro partido a garantir apoio à reeleição de Yeda. A turma do Britto sabe que, como o PSDB, teria enormes dificuldades de eleger deputados caso ocorra a coligação com o PP na eleição proporcional. E que não se subestime a opinião dos “neosocialistas” gaúchos. Britto é conselheiro de Yeda. Odone é o homem dela para a Copa. E Berfran cumpriu muitíssimo bem as tarefas do novo jeito de governar na área do Meio Ambiente.

Nada ainda está decidido, mas a fotografia do momento eleitoral mostra que com o PP em leilão, seus possíveis vencedores terão de fazer difíceis escolhas. A mais difícil, contudo, é a de Yeda, uma governadora com rejeição superior a 50% e cujas chances de sobrevivência oscilam entre a aposta na pouca memória do povo e o extermínio do próprio partido. (Maneco)


Via RS Urgente

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