sábado, 29 de maio de 2010

José Serra não está preparado para ser Chefe do Estado brasileiro




Do blog do Rafael Galvão

O que mais chama à atenção nas declarações recentes de José Serra sobre o presidente da Bolívia, Evo Morales, é que elas servem, quando menos, para comprovar uma constatação que vinha tomando corpo nos últimos anos.

É uma constatação muito simples, mas fundamental para a compreensão do cenário político atual: a direita brasileira não apenas foi incapaz de trazer o Brasil ao estágio de desenvolvimento em que ele se encontra. Infelizmente, ela é também incapaz de administrar esse novo país — mais rico, mais justo, mais importante.

Já há algum tempo, vinha ficando cada vez mais claro que o PSDB/DEM tem dificuldades em entender o país em que vivemos atualmente. Suas investidas contra a participação do Estado na economia mostram que, mesmo que os fatos desabem sobre suas cabeças, eles não conseguem enxergar além de suas fórmulas de administração de país subdesenvolvido, condição que, historicamente, é a favorita da direita brasileira. Mesmo depois do crash de 2008, quando a atuação eficaz do Governo impediu que o Brasil seguisse os passos de países tradicionalmente mais ricos e atolasse em um dos maiores lamaçais financeiros da história — enterrando de vez as lembranças amargas das crises em que o governo de Fernando Henrique Cardoso, padrinho de Serra, enfiou o Brasil.

Se essa situação já estava suficientemente clara em termos de política interna, agora Serra se encarregou de demonstrar que a incapacidade do grupo que representa não conhece limites. E mostrou que é realmente um candidato globalizado, como o PSDB/DEM gosta de ser: sua estupidez demonstra estar em expansão constante, e não consegue se limitar a meras fronteiras nacionais.

Ao acusar um Chefe de Estado estrangeiro de cúmplice de traficantes, José Serra fez muito mais que cometer uma gafe diplomática. Mostrou, acima de tudo, a sua completa incompetência em política internacional.

Já se sabia que, como virtualmente toda a direita brasileira, Serra não consegue enxergar as diferenças óbvias e cruciais entre Evo Morales e Julio Cesar Chávez, não consegue entender as condições objetivas de governo de cada um deles, suas necessidades políticas e suas retóricas diferentes. Por isso, por não compreender o que vê, trata a ambos como criminosos.

Mas agora o caso se torna mais grave. Ao tratar um líder legítimo e importante para a história de seu país como Evo Morales de uma forma indigna, ofensiva e caluniosa, enquanto fecha os olhos para os crimes verdadeiros cometidos pelo grupo do colombiano Álvaro Uribe, com quem tem muito mais afinidades ideológicas, Serra deixa antever a extensão da catástrofe que seria um eventual — e cada vez mais improvável — mandato seu em termos de política exterior e comercial.

Não se trata mais de discurso e presunções: falamos, agora, de atitudes concretas. Já temos indícios suficientes de que, se fosse eleito, Serra se encarregaria de devolver o Brasil à posição com a qual essa direita encabeçada pelo PSDB/DEM se sente mais confortável: a de um país subalterno e subjugado, envergonhado e resignado à condição de pobre da periferia — um país que assume completamente o seu complexo de vira-lata.

Insultando Evo Morales e colocando o Brasil como alvo de críticas justas, pela primeira vez em muitos anos, José Serra demonstrou que não é capaz de desempenhar dignamente a função de chefe de Estado. De nenhum país, nem mesmo de Honduras — mas, principalmente, se mostrou incompetente para governar um país em consolidação econômica e ascensão no cenário internacional como o Brasil.

Justiça seja feita: o feito que Serra conseguiu não é para qualquer um. A inserção internacional que o Brasil conquistou, contrariando as recomendações do PSDB/DEM, foi pela primeira vez em muitos anos abaladas pelas declarações absolutamente infelizes de um candidato que se pretende uma alternativa viável de poder.

Alternativa ele acaba de provar que é. O problema é que não é a melhor possível; não é sequer uma alternativa desejável para um país que se respeite.

Um comentário:

  1. Gostaria de saber se o nobre colega Job,que postou este comentário com tanta ênfase acha que a senhora Dilma está preparada para governar este país, com o vasto "conhecimento" que tem, de nada, pois ao meu ver, nenhum deles...sendo assim. O que, ou quem...?

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