segunda-feira, 16 de abril de 2012

Cortina de fumaça

Cortina de fumaça de quem? Do PT e José Dirceu ou da revista Veja e de alguns outros grandes veículos da imprensa brasileira? A quem interessa impedir e/ou desqualificar a futura CPI de Carlinhos Cachoeira/Demóstenes Torres (DEM)? A quem interessa misturar Cachoeira e Mensalão, transformando-os em um mesmo assunto e em uma mesma forma de corrupção?
Os interesses são muitos e variados. CPIs são, por princípio, armas das minorias, ou seja, das oposições. Quase sempre as CPIs fazem muito barulho, desestabilizam governos, mas quase nunca chegam a conclusões e condenações sustentáveis no plano jurídico. Por este motivo, as acusações e as condenações que produzem quase sempre são arquivadas quando, posteriormente, são submetidas às instâncias do poder Judiciário. Seus resultados são políticos, sobretudo. Eles são imediatos e midiáticos e produzem, quase sempre, efeitos eleitorais que beneficiam quem se encontra fora do poder.
Sendo assim, por que o governo, que detém maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal aposta na instalação da CPI mista (com integrantes da Câmara e do Senado) do Caso Carlinhos Cachoeira/Demóstenes Torres (DEM)? Sendo assim, por que a revista Veja, a maior revista semanal brasileira e, de acordo com seus anúncios, “a segunda maior do mundo”, se empenha tanto em desqualificá-la à priori?
Será porque a investigação do envolvimento de Demóstenes Torres com o “empresário do jogo” Carlinhos Cachoeira poderá trazer à tona os meandros do “Mensalão” e, com isto, comprometer as oposições aos governos Dilma/Lula, além de alguns órgãos de imprensa, com a revista Veja (Editora Abril) à frente? As escutas telefônicas obtidas com autorização judicial reveladas até aqui são comprometedoras e parecem possuir alto grau de explosividade. Um comprometimento e uma explosividade que, parece, podem se igualar àqueles provocados pelas escutas telefônicas ilegais produzidas pelos “arapongas” à serviço de Cachoeira e que, ao que parece, foram repassadas à revista Veja e ao Senador Demóstenes Torres (DEM), ao longo dos últimos anos.
Será isto o que temem alguns veículos da grande imprensa, particularmente a revista Veja e sua empresa editora, e também alguns próceres das oposições? Não seria melhor, para o bem da democracia e no respeito ao interesse público legítimo, que a instalação da CPI fosse incentivada, como tem sido a praxe (salutar, por sinal) adotada pela Veja, pelos grandes veículos de mídia e pelas oposições? Que a CPI produza os efeitos políticos que ela tiver que produzir e que se aguarde a manifestação posterior da Justiça, como tem sido o procedimento adotado ao longo dos últimos anos, tanto pela revista Veja quanto pela maior parte dos veículos da grande imprensa brasileira.

Do Sul 21

Um comentário:

  1. Corrupção sempre existiu no Brasil, infelizmente. Ela não começou no governo do PT, mas o PT prometeu um Brasil decente. Não é possível dizer, como disse Veja, que o mensalão é o maior esquema de corrupção do Brasil. Não sei se isso é cortina de fumaça, mas deve ficar bem claro também, que Cachoeira tem lastros com governos petistas. Esse caso da construtora Delta, descoberto pela Folha esta semana, parece ser grave. São as obras do PAC 2, cujos recursos teriam sido desviados. Intriga da oposição? Acho que não. Gosto da Dilma, acho que ela tem pulso forte e o Brasil precisa de alguém assim. O certo é que essa babaquice maniqueísta que sempre dominou a política brasileira até então, parece que está se dissolvendo. Eu, que sempre fui chamado de antipetista, continuo elogiando a Dilma.

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