quinta-feira, 10 de maio de 2012

O engavetador da república, versão 2.0


por Jorge Furtado 


Para a esmagadora maioria da população brasileira - num chute sem medo de errar, digamos 98% da população brasileira - que nunca ouviu falar em Roberto Gurgel, não sabe quanto ganha, o que faz e não entende muito bem para que serve a Procuradoria Geral da República, foi constrangedor conhecer o nosso Procurador Geral e saber que a vice-procuradora é sua esposa, que o casal ficou três anos sentado sobre uma montanha de provas de crimes graves envolvendo altas figuras do Senado, da Câmara, da imprensa, do executivo, do judiciário e da própria polícia – só o que apareceu até agora já inclui assassinato, suborno, jogo ilegal, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, etc. – tempo suficiente para que alguns dos suspeitos da roubalheira (Demóstenes, Perillo, Cabral, Leréia e outros) se elegessem em 2010, e o casal procurador seguiu sentado sobre as provas do crime até que alguém resolveu vazar para a imprensa e aí eles correram e - talvez o pior de tudo - saber que, ao ser inquirido sobre a morosidade com que tratou as graves denúncias da roubalheira que sangra os recursos públicos, o senhor Procurador se utiliza dos mesmos recursos surrados que a indigência mental da mídia udenista impôs ao país, a tacanha argumentação ad hominem, a primitiva falácia de envenenar o poço de quem não tem argumentos para defender seus mal-feitos: “são mensaleiros”.
A esmagadora maioria da população brasileira – num chute sem medo de errar, digamos 99% da população brasileira – trabalha muito, acha que merecia salário melhor, melhores serviços públicos, melhor saúde, segurança, educação, e quer que os ladrões de dinheiro público de qualquer partido e seus cúmplices na imprensa, no executivo, no judiciário, no legislativo, na polícia e nas grandes empresas, sejam punidos, talvez presos e, mais importante, devolvam o dinheiro que roubaram do estado e faz falta para os hospitais públicos, a educação pública, a segurança pública.
Cachoeiras, mensaleiros, canetas de aluguel do crime e seus patrões, senadores e deputados despachantes de bicheiro, empresários ladrões e ignorantes, servidores públicos que ficaram milionários, que sejam todos investigados, julgados – com amplo direito a sua defesa, é claro - e, se condenados, que paguem por seus crimes e devolvam o dinheiro que roubaram.
E que o Procurador Geral e sua vice-procuradora procurem melhor, façam o seu serviço de levar os bandidos para cadeia, se é este o seu serviço. E não usem desculpas políticas esfarrapadas para encobrir sua complacência com o crime.
Gurgel e sua vice vão dar alguma explicação convincente sobre sua incrível morosidade no serviço? Por falar nisso, o Procurador Geral e sua vice são eleitos? Como? Por quem? Quem pode demiti-los?

Nenhum comentário:

Postar um comentário