Desde que foi lançado, há cerca de oito anos, o programa federal
Bolsa Família ajudou a retirar cerca de 30 milhões de brasileiros da
pobreza absoluta. Em meio às muitas críticas recebidas, conseguiu
derrubar previsões simplificadoras, como a de que estimularia seus
beneficiários a manterem-se desempregados para receber ajuda estatal. É o
que mostra a segunda rodada de Avaliação de Impacto do programa,
realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) com 11.433
famílias, beneficiárias ou não, em 2009.
De acordo com o levantamento, quem recebe repasses do governo federal
não deixa de procurar emprego. Ao considerar uma faixa de 18 a 55 anos
de idade, a parcela de pessoas ocupadas ou procurando trabalho em 2009
era de 65,3% entre os beneficiários e 70,7% para os indivíduos fora do
programa. Analisando pessoas entre 30 e 55 anos, a porcentagem é de
cerca de 70% para ambos os grupos.
O índice de desemprego também é semelhante. Em 2009, 11,4% dos não
beneficiados entre 18 e 55 anos estavam sem trabalho, contra 14,2% dos
auxiliados pelo Bolsa Família. Na faixa de 30 a 55, a diferença é menor:
7% para as pessoas sem benefícios, ante 8,9% do outro grupo. “Em 2009, a
busca por trabalho entre beneficiários é um pouco mais elevada que os
não beneficiários. Esses resultados revelam, pois, não haver evidências
de que haja desincentivo à participação no mercado de trabalho por parte
dos beneficiários do PBF”, diz o documento.
O programa também ajudou a atrasar a entrada de jovens entre 5 e 17
anos de idade no mercado de trabalho, o que geralmente ocorre pela
necessidade de auxiliar no sustento da família. Apesar desta faixa
etária possuir níveis baixos de ocupação, houve avanços e quedas em
geral.
Em 2005, 3,6% das meninas fora do Bolsa Família entre 5 e 15 anos
trabalhavam, contra 2,2% das que recebiam auxílio. Entre os meninos
nesta faixa, 5,5% sem apoio tinham emprego, contra 4,3% dos
beneficiários. Quatro anos mais tarde, a porcentagem caiu para 1,9% das
meninas e 3,2 dos meninos sem repasses federais para 2% das mulheres e
3,7% dos homens com ajuda financeira do programa.
Na faixa de 16 e 17 anos, 17,6% das adolescentes e 30,4% dos rapazes
sem benefícios trabalhavam em 2005, contra 15,4% das mulheres e 32,6%,
respectivamente, com benefício. Em 2009, 11,6% das meninas e 21,7% dos
meinos sem benefício tinham emprego, ante 9,7% e 19,3 dos beneficiados.
O recebimento dos repasses do Bolsa Família varia de 32 a 306 reais mensais, segundo critérios como a renda mensal per capita da
família e o número de crianças e adolescentes de até 17 anos. O
programa, que tem orçamento de 20 bilhões de reais para 2012 – cerca de
0,5% do PIB -, está condicionado ao cumprimento de diversos fatores
pelos beneficiários. Entre eles, a frequência mínima de 85% às aulas
para crianças de 6 a 15 anos e 75% para jovens de 16 e 17 anos.
Os dados mostram uma série de avanços sociais proporcionados pela
ação. Entre eles, a melhora ao acesso à educação entre os jovens pobres.
O levantamento aponta que a frequência na escola entre crianças de 8 a
14 anos de idade é de 95%, mas o resultado vai piorando nas faixas
etárias de 7 a 15 anos e entre 16 e 17 anos. Segundo informações obtidas
por CartaCapital junto ao MDS (não pertencentes ao
levantamento), entre 2009 e 2011 somente 4% dos beneficiários tiveram
baixa frequência nas escolas. Em 2011, 95,52% deles cumpriram a cota
mínima de presença exigida.
Apesar de os níveis de comparecimento às salas de aula estarem dentro
do esperado, em 2009 a taxa de aprovação dos alunos com auxílio
financeiro no ensino fundamental foi de 82% contra 83,8% da média, com
melhora no ano seguinte: 83,1% contra 85,3%. A taxa de abandono, no
entanto, foi menor que a média: 3,4% em 2009, ante 4,1; 3% em 2010,
contra 3,5%.
Mas no ensino médio público os resultados são melhores para os
integrantes do Bolsa Família. Em 2009, eles alcançaram nível de
aprovação de 79,9%, contra 73,7% da media. No ano seguinte, o resultado
foi de 80,8% contra 75,1% em favor dos beneficiários. A evasão escolar
também foi menor que a da média: 7,5% em 2009 para os alunos do
programa, contra 12,8%; 7,2% contra 11,5% em 2010.
Os resultados do levantamento ainda trazem avanços na área da saúde.
Em 2005, as grávidas entrevistadas afirmaram ter ido, em média, a 3,1
consultas de pré-natal, um número que saltou para 3,7 quatro anos
depois. Sendo que as mulheres com beneficio passaram de 3 visitas para
3,7 visitas, com a evolução de 3 para 3,5 das não auxiliadas. No mesmo
período, caiu de 20% para 7% o total de gravidas entrevistadas que
relataram não ter realizado pré-natal, com quedas significativas em
ambos os grupos.
O tratamento dado às mães surtiu efeitos nos filhos. A prevalência de
desnutrição aguda, crônica e baixo peso entre menores de cinco no
período de 2005 a 2009 teve, em geral, queda semelhante para crianças
de membros do Bolsa Família e de não beneficiados.
A proporção de crianças com desnutrição crônica caiu de 14,7% para
9,7% entre os beneficiários e 15,8% para 11% no outro grupo analisado. O
baixo peso teve queda de 7,8% para 5,8% entre os não auxiliados e 7,2%
para 5,9% nos beneficiários. A diferença nos casos de desnutrição aguda,
no entanto, é grande: enquanto os entrevistados fora do Bolsa Família
viram um aumento de 8% para 9%, os auxiliados registraram diminuição de
7,7% para 7,4%.
Outro dado elevado é a taxa de vacinação entre as 4,1 milhões de
crianças acompanhadas no primeiro semestre de 2012: com o programa,
98,89% delas seguiram o calendário vacinal.
Do site da Carta Capital
Do site da Carta Capital
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