segunda-feira, 4 de abril de 2011

Escândalo do "mensalão" - Rumo ao arquivo morto

A corrupção voltou a ocupar as manchetes dos jornais, em parte por conta do relatório da Polícia Federal a respeito do escândalo chamado de "mensalão", publicado pela revista Época neste final de semana.
De repente, como um tsunami, uma sucessão de reportagens e comentários lembra o cenário de cinco anos atrás, quando não havia outro tema na imprensa. No entanto, faltaram referências ao maior de todos os escândalos, aquele que representa a ação criminosa de maior envergadura já praticada no Brasil, que deveria ser o caso mais chocante justamente por não se transformar em escândalo.
Trata-se do caso Banestado.
Foi ali que se manifestaram pela primeira vez, de forma sistêmica e organizada, os esquemas de desvio e lavagem de dinheiro em larga escala e grandes volumes, envolvendo quase uma centena de operadores contumazes e um número ainda desconhecido de beneficiários. Foi também no caso Banestado que se caracterizou a relação entre fraudes financeiras e o sistema eleitoral como parte do negócio político, aceita e praticada de forma generalizada.
O chamado "mensalão", se provadas suas evidências, seria mais uma dessas operações.
Reforma política? Sem qualquer resultado prático no caso original do Banestado, cuja análise revela a fragilidade do sistema judiciário brasileiro, não há como esperar uma satisfação total à opinião pública como resultado da nova onda em torno do "mensalão". O arquivo morto parece ser o destino de todos os processos que ameaçam o cerne do sistema.
O novo relatório da Polícia Federal sobre o "mensalão" serve mais à imprensa do que à Justiça. A Folha de S.Paulo afirma, na edição de segunda-feira (4/4), que o material dificilmente será incorporado ao processo que corre no SupremoTritunal Federal.
Se o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, admitir as novas peças, terá de abrir agenda para as manifestações de todos os réus, o que poderá aumentar as chances de passar o prazo de prescrição e acabar não havendo a punição de ninguém. Como já alertou o Estado de S.Paulo há uma semana, o crime de formação de quadrilha prescreve em agosto.
Enquanto isso, não se fala em reforma política, nasce mais um partido de conveniência e tudo continua como dantes.

Luciano Martins Costa no OI

Um comentário:

  1. O Brasil tem de limpar os focos de corrupção. A sociedade organizada tem de ter o controle sobre os atos do estado que deve ser transparente. Uma das coisas boas que aconteceu nos últimos anos foi a desestatização dos bancos estatais regionais. Concordo, um dos grandes escândalos brasileiros foi o Banestado, no Paraná. Ainda bem que o Banestado não existe mais. Infelizmente, no RS ainda existe o Banrisul, que sempre foi um foco de corrupão e uma caixa preta que nenhum governo teve a ousadia de verificar. Não sou contra banco estatal, mas acho que Caixa, Banco do Brasil e BNDES são suficientes. Não precisa mais do que isso. Não é função de estado federado ter um banco estatal.

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