Por Richard Jakubaszko - jornalista e escritor, é editor do blog http://richardjakubaszko.blogspot.com
Até quando a mídia poderá se comportar de forma irresponsável e impunemente? Só na semana passada dois episódios demonstraram de forma clara o sensacionalismo da mídia ao tratar de assuntos de alto interesse público de forma leviana, para gerar audiência.
O brutal assassinato de crianças dentro de uma escola, ato cometido por um brasileiro desequilibrado, de 24 anos, que invadiu na manhã de quinta-feira (7) a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, e atirou nos alunos, foi exemplar. Uma chacina perpretada por um maníaco, que mostrou uma vez mais que a mídia brasileira não dispõe de jornalistas preparados à altura para noticiar fatos dessa envergadura, menos ainda para explorar outros lados da notícia e do fato em si. É verdade que o ineditismo do episódio dantesco em terras brasileiras espantou a todos, mas já deveríamos ter aprendido com os exemplos dos EUA, onde essa loucura é quase rotina.
A irresponsabilidade da mídia está em apontar a suposta adesão do assassino e suicida à religião muçulmana, considerada como fundamentalista e xiita. De uma mera suposição de um policial numa entrevista tumultuada, houve relatos dos repórteres, em jornais e TVs, lembrando casos de fanatismos religiosos, como o 11 de setembro americano, ou o 11 de março espanhol. No fim de semana outras notícias, de que o assassino seria Testemunha de Jeovah… Pela falta de consistência na suspeita, pela agressiva resposta e protesto de alguns blogs, e até mesmo pelo vazamento de informações via WikiLeaks, semanas antes, de que o Pentágono desejava desqualificar a religião islâmica, a mídia tupiniquim estancou as análises dessa hipótese e foi em frente, foi testar outras hipóteses, como a versão de bullying apresentada por professores e analisada por um psiquiatra infantil, quando este avaliou que apenas o bullying não seria capaz de explicar ataques brutais como o ocorrido em Realengo.O brutal assassinato de crianças dentro de uma escola, ato cometido por um brasileiro desequilibrado, de 24 anos, que invadiu na manhã de quinta-feira (7) a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, e atirou nos alunos, foi exemplar. Uma chacina perpretada por um maníaco, que mostrou uma vez mais que a mídia brasileira não dispõe de jornalistas preparados à altura para noticiar fatos dessa envergadura, menos ainda para explorar outros lados da notícia e do fato em si. É verdade que o ineditismo do episódio dantesco em terras brasileiras espantou a todos, mas já deveríamos ter aprendido com os exemplos dos EUA, onde essa loucura é quase rotina.
As entrevistas de praxe com psicólogos de plantão, ou com opiniões do povo, vizinhos, parentes, estudantes, encheram as páginas dos jornais e o noticiário das TVs, numa repetição monocórdia da mediocridade, da evidente falta do que noticiar, da ausência de conteúdo, da inexistência de editores que direcionassem os repórteres a buscar fatos com um mínimo de verossimilhança e importância diante de um fato tão brutal. Já no domingo o que restava de notícia na mídia estava no corpo do assassino, ainda sem reconhecimento oficial no IML, a casa onde morou nos últimos seis meses, que teria sido depredada, e, debates e mais debates abertos com especialistas sobre a necessidade de se desarmar a sociedade, de se estabelecer segurança nas escolas, de se implantar catracas com detetores de metal, ou colocar policiais de plantão, ou ainda câmaras, como se os poderes públicos tivessem recursos para tudo isso, pois mal conseguem manter as escolas.
Nesse caso, mais uma vez, a mídia brigou com a notícia. Menos de uma semana nas manchetes, já na segunda-feira (ontem) o assunto sumiu da mídia e da blogosfera. Só os efeitos colaterais estavam presentes, e a imagem dos muçulmanos cada vez mais negativa no imaginário da população.
A registrar-se a curiosidade de que a grande maioria de casos policiais que acontecem no Rio de Janeiro possuem essa característica comum de fatos e versões intermináveis e estapafúrdios.
Nesse caso, mais uma vez, a mídia brigou com a notícia. Menos de uma semana nas manchetes, já na segunda-feira (ontem) o assunto sumiu da mídia e da blogosfera. Só os efeitos colaterais estavam presentes, e a imagem dos muçulmanos cada vez mais negativa no imaginário da população.
A registrar-se a curiosidade de que a grande maioria de casos policiais que acontecem no Rio de Janeiro possuem essa característica comum de fatos e versões intermináveis e estapafúrdios.
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