É no que dar viver sequestrado da realidade por Folha, Estadão, Veja e
Organizações Globo. Uma leitora da Folha, que, pelo que lê diariamente
no jornal, deveria achar que o PT era o partido mais corrupto e
ficha-suja do Brasil, ao contrário do PSDB, que seria o mais limpinho,
surpreendeu-se com reportagem recente da própria Folha que mostra
exatamente o oposto: que o PSDB é o partido com o maior número de
fichas-sujas do Brasil.
Surpreendeu-me o levantamento apresentado pela Folhacruzando candidatos
impedidos pela Lei da Ficha Limpa e partidos políticos. O PMDB tem fama
de fisiológico e o PT está enroscado com o julgamento do mensalão, mas quem lidera o ranking dos "fichas-sujas" é o PSDB, que por esses dias tem destacado a questão da honestidade e moral em suas campanhas. Que ironia.- Fabiana Tambellini. [Fonte]
Muito se fala, e se condena (eu também condeno), o uso do sequestro de
pessoas como arma na luta política. Mas pouco se fala num outro
sequestro, mais sutil, aquele em que não se sequestra a pessoa da
realidade, mas se sequestra a realidade da pessoa, como escrevi aqui:
Quem acompanha o Brasil pelos jornalões, pelas emissoras de TV – em
especial pela Rede Globo – tem sua realidade sequestrada. Sem um mínimo
de senso crítico, essa pessoa acredita que está diante da verdade, que o
que lhe afirmam Veja, Folha, Estadão, O Globo, a Rede Globo, é um
retrato fiel da realidade.
Aí se desenvolve a síndrome de Estocolmo,
quando a vítima se identifica e/ou tenta conquistar seu sequestrador (e
basta ler os comentários nos pitblogs para entender o que digo).
Por mais que se tente mostrar a essas pessoas que a realidade lhes foi
sequestrada, elas resistem, defendem seus pitblogueiros e seus veículos
do coração. Isso acontece mesmo que a realidade os desminta, como nos
casos do trágico acidente de Congonhas, do caos aéreo patrocinado e
agora da falsa epidemia de febre amarela, que provocou uma absurda
correria da população aos postos de vacinação para se prevenir de uma
epidemia que só existia na mídia.
A cegueira é tão grande, que levou a enfermeira Marizete Borges de
Abreu, de 43 anos, a se vacinar duas vezes contra a febre amarela, ainda
que ela não fosse viajar para uma das áreas de risco, ainda que ela
tivesse restrições físicas (lúpus - caso em que a vacina não deve ser
tomada), ainda que ela soubesse (como enfermeira) que não se deve tomar
mais de uma dose da vacina por vez (outra dose só em dez anos).
Com sua realidade sequestrada pela mídia, Marizete vacinou-se duas vezes num prazo de uma semana e veio a falecer, vítima de falência múltipla dos órgãos.
Por isso, quando se fala de sequestro, deve-se salientar que ambas as
formas de sequestro são condenáveis, mas a população desinformada pela
mídia corporativa só toma conhecimento de uma, enquanto é manipulada
pela outra.
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