O Instituto Millenium agrega “defensores da democracia”, dizem eles,
defensores tais que, 50 anos atrás, estavam a conspirar para depor João
Goulart, feito que levaram a bom termo (para eles) pouco depois. Tal instituto é composto pelos
chefões da mídia nativa, concentrando o mercado de informação em poucas mãos. O
programa é basicamente de direita; o único verniz democrático diria respeito à
“Liberdade”, mas é só um verniz de cobertura da imensa hipocrisia de quem detém
o monopólio dos meios através dos quais se plantam mentiras e se distribuem os
subtendidos para os iniciais: o Estado de Direito que eles defendem é o Estado
nas mãos deles, para que os Direitos discricionários não possam ser
contestados. A página deles na Internet é uma graça de desfaçatez; tem até a
participação da blogueira cubana Yoani Sánchez, a passos lagos para consumação
do ridículo de sua imagem – se é que alguém acredita nela além dos direitopatas
de praxe.
É claro que as diretrizes do tal
instituto são propagadas por seus órgãos associados, que se colocaram na figura
de partidos políticos de oposição, uma vez que esses partidos de oposição nada
ou quase nada tem a dizer, a fazer, a prometer, a declarar, e mesmo a se
opor... Hoje mesmo o possível candidato à presidência em 2014, pelo PSDB, Aécio
Neves, proferiu um discurso atacando o governo no Senado, sem pronunciar uma
única vez a palavra povo, e outras como desemprego, desigualdade social,
salário, todas à parte do vocabulário tecnocrático tucano, que conjuga apenas
um verbo: “mercado”. Vá dizer para eles que “mercado” não é verbo....
Assim, só pelo poder, a mídia
incorporou o papel de partidos políticos, o que por si só já constitui
flagrante violação de suas razões de existência, pois órgãos de informação
possuem funções constitucionalmente determinadas, e não podem ser partidos
políticos, apenas optar por um e outro em eleições livres.
Como os governos tem rabo preso
com o poder midiático, finge-se também de tolerante diante dos abusos, enquanto
é alvo cotidiano de contestações, denúncias e ações várias típicas não do
jornalismo, mas da ação política integrada visando a deposição do governo –
seja por via eleitoral, seja por outras vias... A estratégia dos anos 60 se
repete, agora em vã tentativa de reproduzir o pânico anticomunista de então
através de outros artifícios para estímulo do medo na população: volta da
inflação, corrupção e outras mazelas centenárias que eles estimularam por quase
40 anos, enquanto estiveram no poder.
Essa patetice não tem fim; depois
de mais de uma semana falando em “apagão elétrico”, mal ocultando a intenção de
proteger o capital de CESP, CEMIG e afins contra o programa de governo que
resultaria em queda das tarifas (logo queda dos sagrados lucros das
companhias), e contrafeita com a contestação cabal da hipótese de racionamento,
o jornal matutino da Rede Globo começou a bater na tecla do recrudescimento da
inflação, também mal ocultando sua disposição de pressionar pela alta da Selic
e a sagrada remuneração dos rentistas. Fiscalizar o governo e denunciar seus
erros e malversações é uma coisa, mas inventar material diário para manter o
governo nas cordas é programa partidário e, a bem de suas funções, os órgãos
midiáticos mereciam enquadramento na legislação em vigor… mas qual é mesmo a
legislação em vigor? Não há. O que não deixa de ser uma vitória para tais hostes
hipócritas.
Juro que não consigo entender essa certa esquerda, no poder faz 10 anos no Brasil e com chance real de permanecer algum bom tempo. Esse pessoal não admite nenhum tipo de crítica. Se as ações da Petrobrás estão a cair -- e isso é fato -- eles culpam a crítica. Se há o risco de inflação -- o que também é fato -- eles culpam a crítica. Se a pifia oposição esboça um sonolento discurso, como fez Aécio ontem, eles criticam o sonolento discurso com chavões do tipo, falta a palavra ser humano e inclusão social. Sim, isso é certo como água morna, somente o governo de uma certa esquerda se preocupa com o ser humano e a inclusão social. Outros governos só se interessam por dinheiro e poder. E não se pode criticar esse ponto de vista, porque quem assim faz conspira contra o Brasil. Quem assim pensa, conspirou contra Vargas, Jango, Lula e Dilma.
ResponderExcluirÉ muita simplorice.
Gosto de você é um cara previsível. Sabia que o encontraria aqui, depois de tê-lo encontrado lá. E mantendo sua tecnicazinha de turvar as águas. Mas será mesmo que importa a queda das ações da Petrobras? Subirão amanhã. Risco de inflação só existe na cabeça daqueles que querem a alta dos juros. Enquanto isso, Caixa e BB demonstram que queda de juros resulta em crescimento, ok? O discurso do Aécio apenas exemplifica o tipo de abordagem tucana, que se aplica em tecnicismo, em operar sua l´[ogica econômica a partir de uma única, que é a do "mercado" e sua ideologia de liberalismo ainda que tarde... enquanto isso, Minas é um dos estados que menos crescem no Brasil. Por que será? Vá tomar seu café frio.
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