sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Do Blog RS Urgente:

Os planos de Yeda Crusius para 2009: fatos relevantes e algumas sutilezas midiáticas

Em dezembro de 2008, a revista Voto publicou uma extensa entrevista com o então secretário estadual da Fazenda, Aod Cunha. Nesta entrevista, entre outras coisas, o secretário descartou planos políticos e manifestou sua intenção de permanecer no governo até o fim para completar a política de “ajuste fiscal” do Estado. Na ocasião, fez um alerta. Segundo ele, a política do “déficit zero” não estava concluída e poderia evaporar rapidamente, caso o governo mudasse de orientação. Semanas depois dessa entrevista, Aod Cunha foi apontado pelo jornal Zero Hora como um dos destaques do ano. O secretário foi citado, não a governadora Yeda Crusius.

Inicia o ano de 2009 e, logo nos primeiros dias, a surpresa: Aod Cunha deixa o governo. Segundo a governadora, ele havia cumprido sua missão: o déficit zero. No dia seguinte à saída do secretário, Yeda Crusius diz a prefeitos do PSDB que 2009 será um ano de fartura. Todos terão dinheiro para seus municípios, anuncia. O Estado foi saneado, diz ela, e agora vai começar o período de investimentos. Quem se der ao trabalho de ler a entrevista de Aod Cunha verá que ele não concorda com isso, o que talvez ajude a explicar sua saída do governo. É a própria governadora que dá a chave de leitura: já estamos entrando num período de eleição e o tabuleiro dos cargos vai se mover. Dos cargos e das verbas. O “déficit zero” já satisfez um propósito pargmático: virou munição para o período eleitoral (precarizou ainda mais os serviços públicos do Estado, é verdade, mas como a mídia da província não fala nisso, Yeda espera ficar só com a marca positiva). A governadora é destrambelhada, mas “arrumou a casa”, dirão seus aliados. Essa é a idéia. E os cofres do Piratini serão abertos. Para os amigos da rainha, principalmente.

A operação está sendo montada. Passada a era Aod, Yeda concederá mais uma entrevista exclusiva a Zero Hora onde anunciará em primeira mão a nova fase de seu governo. O jornal do grupo RBS, aliás, vem, repetidas vezes, desempenhando a função de porta-voz das decisões de governo. Tudo em primeira mão, furando a concorrência. Nesta sexta-feira, a cena se repetiu.

A jornalista Rosane de Oliveira entrou no tradicional programa de debates esportivos, Sala de Redação, para dar o furo: a secretária de Educação, Mariza Abreu, ficará no governo. O jornalista Lauro Quadros comete uma inconfidência e conta que viu Rosane de Oliveira almoçando com Mariza Abreu no dia anterior, nas dependências da RBS. Breve silêncio, breve constrangimento.

Desde o início da semana, nas páginas do mesmo jornal, o movimento estava claro. A secretária ameaça sair, reclama da falta de apoio e aguarda os apelos para ficar. No final da semana, vem o “Dia do Fico”. Mariza Abreu permanece em função dos “clamores da sociedade”, como diz um pouco mais tarde, na mesma rádio Gaúcha, o jornalista Lasier Martins. Logo em seguida, ele entrevista o secretário adjunto de Educação de Minas Gerais para falar sobre as reformas executadas pelo governo tucano de Aécio Neves. Sutileza pouca é bobagem.

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