segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Flavio Koutzii: tese da polarização no RS é um truque

Em entrevista publicada nesta segunda-feira no Jornal do Comércio, Flavio Koutzii analisa o quadro político estadual e nacional e adverte para o retorno de um velho truque na política gaúcha, a saber, a tese da polarização e da necessidade de “pacificação” do Estado:

O senador Pedro Simon - respeitado e tudo mais, mas que tem escancarado uma opinião “acima do Mampituba” e outra para nós, uma conivência que considero indecente - dizia na segunda-feira passada que Fogaça vem para pacificar. Pergunto: para pacificar o quê, cara pálida? Porque toda a turbulência que há no Rio Grande do Sul vem a partir do próprio governo, em que eles (PMDB) ainda estão. Pacificar o quê? A existência de uma pequena oposição, que tem dez deputados (PT), mais o PCdoB na Assembleia?

Sobre a tese da “pacificação” – que, segundo Simon, seria encarnada pela candidatura Fogaça, Koutzii lembra que ela representa uma mera repetição da estratégia utilizada pelo PMDB com a candidatura Rigotto, em 2002:

Ele (Fogaça) é dessa turma (do governo)… A estratégia da pacificação foi brilhantemente encarnada pela candidatura Rigotto (em 2002), até porque ele tinha muito a ver com a proposta, era um cara de diálogo e conseguiu isso. Assim como Fogaça (em 2004) - para quem eu gostaria de dar o kikito de melhor achado de publicidade, que foi aquele “fica o que está bom e muda o que está ruim”, genial do ponto de vista de síntese, hábil, enganoso - funcionou. Mas agora o tema da pacificação está sendo forçado.

O presidente da Federasul (José Paulo Dornelles Cairoli), na cerimônia do Prêmio Líderes e Vencedores, fez um discurso, breve, e disse, não por acaso, que a responsabilidade pela crise do Rio Grande do Sul é da situação e da oposição. Como é possível dizer isso? Não conseguem nem colocar uma CPI para funcionar com eficácia, porque não tem base institucional dentro da Assembleia. Então esse negócio de pacificação não cabe, não tem nada que ver com a realidade hoje.

Koutzii assinala ainda que a estratégia da base parlamentar do governo de paralisar a CPI na Assembléia revela conivência e cumplicidade com a corrupção:

A CPI está paralisada porque oito deputados de 12 não aparecem mais. Mas não aparecem não porque sejam vagabundos. Não aparecem porque são militantes coniventes e cúmplices dos temas em que eles impedem que seja aprofundada a investigação. E não foi alguém da Assembleia Legislativa que desencavou um tema e chegou a uma CPI. Temas profundamente investigados durante dois anos e meio, nos rigores da lei, com as técnicas que a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) têm dão base ao desenvolvimento da CPI. Isso é um escândalo! A escolha foi botar a CPI no freezer, esterilizá-la ao máximo. Portanto, todos esses deputados estão associados a esse processo.

(A entrevista na íntegra)

Do RS Urgente

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