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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cenário eleitoral em definição no Rio Grande do Sul

A disputa para o governo do Estado no Rio Grande do Sul ainda promete alguns rounds. Entretanto, a cada dia que passa, aumentam as chances de definição da eleição em primeiro turno, em favor de Tarso Genro.

Depois que o PMDB entrou em estado de alerta, buscando reverter sua tendência de queda nas pesquisas, esta semana foi a vez da tucana Yeda Crusius apresentar novidades em sua campanha. No horário eleitoral, Yeda passou a atacar o PT e o PMDB frontalmente, comparando números de seu governo com os antecessores e criticando diretamente José Fogaça.

Inabalável, Tarso Genro parece não estar muito preocupado com os ataques. Depois que sua campanha detectou o crescimento do lulismo e articulou-se com ele, o petista, na esteira de Dilma, rompeu o isolamento e passou a crescer dia a dia. No último período, vem fazendo movimentos inimagináveis há alguns meses, como resgatar sua passagem pela prefeitura de Porto Alegre.

Nenhuma pesquisa até este momento deu qualquer alteração na tendência de vitória do candidato petista. Ao contrário, todas refletem o que se vê nas ruas: uma tranquila e quase “natural” decisão do eleitor em favor de Dilma e, agora, em favor de Tarso.

A hora dos desesperados

Assim como o lulismo se impôs nacionalmente, agora a mesma dinâmica está se reproduzindo nesta reta final no Rio Grande do Sul. Só que de um modo rápido, e talvez inseguro.

Na disputa presidencial, houve um momento em que a decisão foi tomada. Na minha opinião, foi na entrevista à rede Globo. Dilma enfrentou as feras, Marina não mostrou a que veio e Serra, ainda que bem tratado, não conseguiu se sobressair. Ali, as últimas esperanças tucanas e verdes de levar a decisão para um segundo turno, e eventualmente vencer, se tornaram pó entre os dedos.

No Rio Grande do Sul, o momento que decidiu a eleição foi menos perceptível. No início da disputa, na primeira visita de Dilma candidata ao Estado, a campanha presidencial abriu uma janela para o PMDB gaúcho apoiá-la e acompanhar Michel Temer. José Fogaça, Pedro Simon e Mendes Ribeiro fecharam a porta e perderam o rumo. Não perceberam o amadurecimento e a politização do eleitor brasileiro, nem a abrasileiração do eleitor gaúcho. O resultado é o que estamos vendo.

Creio que nestes últimos dias de disputa estamos tendo uma decisão em massa do eleitorado gaúcho em favor dos candidatos lulistas. Assim como as denúncias e manobras de Serra e do PIG não surtiram o efeito de reverter o crescimento de Dilma, no Rio Grande do Sul a mobilização do PMDB e a metralhadora giratória que se tornou a campanha do PSDB não terão o efeito de reverter o crescimento de Tarso.

O mais provável, inclusive, é que aumente o desespero nas hostes tucanas e peemedebistas. E aumentando o desespero, os erros podem aumentar e aparecer ainda mais.

Nota sobre o senado

Ana Amélia Lemos, jornalista da RBS, candidata pelo PP, conseguiu rapidamente posicionar-se em primeiro lugar nas pesquisas. Na onda lulista, Paulo Paim (PT), que até agora esteve com sua reeleição ameaçada, tende a se recuperar e manter sua cadeira. Já Germano Rigotto (PMDB), se confirmarem-se as tendências, pode amargar uma segunda derrota, quatro anos depois de perdido o governo do Estado.

Em 2006, Rigotto foi candidato a reeleição. Correndo por fora, Yeda Crusius ultrapassou-o no primeiro turno e venceu Olívio no segundo. Agora, Rigotto decidiu ir ao senado, contando com uma eleição quase certa. Ana Amélia, correndo por fora, pode repetir o feito de Yeda.

Um amigo, militante do PMDB, jura que o seu partido, em especial a ala Simon, caiu em desgraça junto à RBS. “Hoje, eles odeiam mais a gente que ao PT”, afirmou. Um acompanhamento cuidadoso da linha editorial da RBS nesta eleição no que diz respeito ao Senado não desmente a afirmação do meu amigo.

Vá saber!


Publicado na Carta Capital

sábado, 28 de agosto de 2010

Crack Nunca Mais, pela reabilitação do RS



Por Katarina Peixoto


Programas de reabilitação de drogados costumam prescrever a aceitação de que o mundo é maior que a dependência do drogadito. Ou, em outras palavras, que o drogadito não é maior do que o mundo. Versões mais grosseiras dessas tentativas de desintoxicação costumam meter deus no meio dessa superação. Fato é que desintoxicar exige humildade. E uma consciência da própria finitude, quer dizer, um compromisso inadiável com a própria carne, com as próprias dores e possibilidades. Desintoxicar, por isso, exige um compromisso com a verdade. Não há espaço para mentira e suas variantes do auto-engano no caminho de luta contra a dependência.

Por isso falar em desintoxicação do Rio Grande do Sul faz sentido, e não exatamente como metáfora.

Um Estado que padeceu com a experiência Yeda Crusius não precisa de metáfora, mas de realidade e, portanto, de um compromisso inadiável com a verdade. A viagem tem sempre vida curta e a chapação, ao longo do tempo, mata. De 2003 para cá, quando a direita gaúcha rearticulou seu projeto de poder no estado do Rio Grande do Sul, a situação do Estado, perante si mesmo e perante o país realmente merece uma campanha como “Crack, nunca mais”. Não é sem propósito que o esteio propagandístico da chapação lança essa campanha. E, mais uma vez, não há metáfora, aqui.

A decadência econômica vem caminhando de mãos dadas com a degeneração política. Se esse vínculo é necessário ou não, pouco importa. Fato é que constatar sua existência no RS dos dias que correm é dizer a verdade. O lero-lero delirante do Déficit Zero é propagandeado a despeito do declínio nos índices de qualidade de ensino, de saúde, dos serviços públicos e nos grandes esquemas de saque do erário já combalido. Saques, por sua vez, investigados e denunciados antes pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. A chapação e a dependência não deram lugar à oposição. Mas esta, como um fígado, seguiu se regenerando.

Seria simplesmente ridículo ver Yeda Crusius na televisão, com aquela sua peculiar mirada ao infinito, não fosse desagradável. É constrangedor e triste ver no que as drogas podem transformar uma pessoa. E a mentira das sanhas ideológicas não apenas alienam politicamente, como demenciam. Tem algo demente, ali, naquele queixo acrítico, naquele déficit zero que outro dia até a representante não escolhida pelo voto do sofrido Ministério Público Estadual repete. Diabos, o que pode querer dizer déficit zero no MP estadual???

Para criticar o Olívio Dutra, diziam que nas Assembléias do OP se discutia até a compra de carteiras para escolas. Para criticar, diga-se. Porque o que fizeram com este homem é inominável. Agora, não podem mais fazê-lo. Não falam mais sozinhos, não intoxicam plenamente, não asseguram a terra das palavras delirantes nas mentes incautas. E o Rio Grande do Sul fica mais saudável.

Posso discordar de que tudo seja discutido numa assembléia de OP. Mas frente ao crime o que está em jogo não é a concórdia ou a discórdia; é a justiça, a lei. Ambas, em tempo, vêm sendo destroçadas neste estado. Desmantelaram a legislação ambiental, esquartejaram a legislação dos incentives fiscais e, com isso, a mínima decência tributária (o Fundopem do governo Rigotto tornaria Britto um republicano), desinvestiram deliberada e sistematicamente na saúde, recusaram e se abstiveram do recebimento e do empenho de verbas federais destinadas a políticas públicas para jovens, crianças, mulheres, mulheres negras, comunidades indígenas, catadores de papel, usuários do SUS.

Esse acúmulo de perdas só reforçou a dependência da máquina propagandística, o estuário de verbas estaduais para seguir tentando perpetuar o vício. Como se sabe, o vício tem muitos aspectos: culpa-se o outro, projeta-se a própria miséria e se denega qualquer responsabilidade. Assim se pode ver motoristas de táxi, lobotizados via rádio o dia inteiro, bradarem contra a Dilma porque os azuiszinhos não fiscalizam as pessoas que estacionam nas ruas. Crack,nunca mais.

E por falar nisso, o senador Simon está calado. O paladino da imparcialidade ativa que embruteceu, empobreceu e corrompeu o Estado em níveis nunca dantes vividos. Seu candidato, até que se prove o contrário, é um senhor tão obscuro como descompromissado, cujo discurso vazio só é superado pela ausência de vitalidade.

Quem quer manter essa carcaça em que o RS se tornou? Como um resto de gente, com dentes empodrecidos, ira contra o mundo, sobretudo incompreensível; quem caminha pelas ruas e vê as hordas de jovens chapados sabe do que se trata a imparcialidade ativa do déficit zero. Sabe o que desinvestimento, abstenção e recusa de assistência geram. Ainda virá à tona o quanto foi devolvido à união pelos governos (sic) da imparcialidade ativa e do déficit zero, em recursos sem empenho, destinados a políticas públicas no âmbito da assistência social, médica, à criança e ao adolescente, à juventude. Crack, nunca mais.

Reabilitação é um processo doloroso, mas diariamente fortalecido. Toda desintoxicação exige mais do fígado do que os porres de palavras cruzadas e falsas polêmicas. Mas funciona, constitui, faz sentido. É um caminho incerto, com recaídas, ou sem. Mas aponta para a agregação, a consciência do mundo e a independência moral. Sem chapação, sem mentira, sem saque do erário e sobretudo sem o delírio destruidor de futuro, de responsabilidade e de saúde.

O que será do RS reabilitado não se sabe, visto que a destruição não foi pouca nem irrelevante. Mas cessar a dependência, hoje, é vencer o vício, ganhar da mentira, recusar o auto-engano mistificador e empenhar-se com o futuro. Crack, nunca mais.



Texto surrupiado do RS Urgente

Ilustração Sátiro-Hupper

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Flavio Koutzii: tese da polarização no RS é um truque

Em entrevista publicada nesta segunda-feira no Jornal do Comércio, Flavio Koutzii analisa o quadro político estadual e nacional e adverte para o retorno de um velho truque na política gaúcha, a saber, a tese da polarização e da necessidade de “pacificação” do Estado:

O senador Pedro Simon - respeitado e tudo mais, mas que tem escancarado uma opinião “acima do Mampituba” e outra para nós, uma conivência que considero indecente - dizia na segunda-feira passada que Fogaça vem para pacificar. Pergunto: para pacificar o quê, cara pálida? Porque toda a turbulência que há no Rio Grande do Sul vem a partir do próprio governo, em que eles (PMDB) ainda estão. Pacificar o quê? A existência de uma pequena oposição, que tem dez deputados (PT), mais o PCdoB na Assembleia?

Sobre a tese da “pacificação” – que, segundo Simon, seria encarnada pela candidatura Fogaça, Koutzii lembra que ela representa uma mera repetição da estratégia utilizada pelo PMDB com a candidatura Rigotto, em 2002:

Ele (Fogaça) é dessa turma (do governo)… A estratégia da pacificação foi brilhantemente encarnada pela candidatura Rigotto (em 2002), até porque ele tinha muito a ver com a proposta, era um cara de diálogo e conseguiu isso. Assim como Fogaça (em 2004) - para quem eu gostaria de dar o kikito de melhor achado de publicidade, que foi aquele “fica o que está bom e muda o que está ruim”, genial do ponto de vista de síntese, hábil, enganoso - funcionou. Mas agora o tema da pacificação está sendo forçado.

O presidente da Federasul (José Paulo Dornelles Cairoli), na cerimônia do Prêmio Líderes e Vencedores, fez um discurso, breve, e disse, não por acaso, que a responsabilidade pela crise do Rio Grande do Sul é da situação e da oposição. Como é possível dizer isso? Não conseguem nem colocar uma CPI para funcionar com eficácia, porque não tem base institucional dentro da Assembleia. Então esse negócio de pacificação não cabe, não tem nada que ver com a realidade hoje.

Koutzii assinala ainda que a estratégia da base parlamentar do governo de paralisar a CPI na Assembléia revela conivência e cumplicidade com a corrupção:

A CPI está paralisada porque oito deputados de 12 não aparecem mais. Mas não aparecem não porque sejam vagabundos. Não aparecem porque são militantes coniventes e cúmplices dos temas em que eles impedem que seja aprofundada a investigação. E não foi alguém da Assembleia Legislativa que desencavou um tema e chegou a uma CPI. Temas profundamente investigados durante dois anos e meio, nos rigores da lei, com as técnicas que a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) têm dão base ao desenvolvimento da CPI. Isso é um escândalo! A escolha foi botar a CPI no freezer, esterilizá-la ao máximo. Portanto, todos esses deputados estão associados a esse processo.

(A entrevista na íntegra)

Do RS Urgente

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Não vou cair sozinha", diz Yeda Crusius sobre PMDB



Pelo jeito ainda vamos ter fortes emoções na política guasca pelos próximos dias e meses. Veja, por exemplo, o que diz Yeda na Folha, sobre sua possível queda do governo. Simon e velho "MDB" que se cuidem.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

DEZ ANOS ESTA TARDE



Por Katarina Peixoto


Não é o fato de o Ministério Público Federal não dizer, uma vez mais, algo surpreendente. Não é o constrangimento que a grande mídia, cúmplice, teria de enfrentar, vergonha alguma tivesse, ao anunciar a presença de nomes até hoje pela manhã solenemente sonegados na lista dos suspeitos de saque ao erário e enriquecimento ilícito. Não é a esquisita falta da mínima compaixão pelos que estão, agora, juridicamente implicados, contra qualquer interpretação editorial de plantão. Não é o lamento perante os chargistas de aluguel. Não é o desprezo e mesmo o nojo do colunismo político da grande mídia. Nada disso realmente importa, hoje, nesta tarde em que essa gente toda foi exposta. Nem mesmo importa a constatação não sujeita a qualquer debate de que essa fraude específica começou no ano imediatamente seguinte à saída do PT do governo do estado do RS.


Não é o castelinho de papel de que se fez e faz Rigotto, cujo secretário de segurança pública, louvado pela mídia monopólica cúmplice, encabeça a lista de réus. Não é o desejo de devolver, como cuspe, os perdigotos deliberados e falastrões do senador vitalício da grande cúmplice da hecatombe que assola este estado, e que vem sendo gestada e produzida há pouco mais de dez anos.


Na oposição até 2002, capitaneada pelos cúmplices e seus capangas opinativos hoje homens de patrimônio material improvável a qualquer assalariado, a direita gaúcha liberou-se pelo voto para reiniciar o saque do estado. À oposição ideológica fecunda, construída em campanhas de amparo às crianças e sob a espantosa bandeira da paz, seguiu-se esse saque através de um organismo vinculado à segurança pública. Exatamente a Segurança, aquela vitimada pela guerra ideológica que o monopólio midiático escolheu para massacrar, não poupando pessoas, vidas e histórias, depois de terem sepultado de vez qualquer compromisso com a verdade.


Esta fraude no DETRAN-RS teve início no primeiro ano do governo Germano Rigotto. O rapaz que substituiu José Paulo Bisol encabeça a lista dos denunciados na fraude, de aproximadamente 44 milhões de reais. Um dos substitutos de Flavio Koutzii na casa civil também ocupa a lista, envolvido e ou com enriquecimento ilícito, e ou com desvio de recursos públicos, e ou com a facilitação desses desvios. O rapaz que substituiu Miguel Rossetto na Secretaria Geral de Governo também está na lista, bem como está nas notícias esquisitas sobre o uso de dinheiro sem procedência justificada que comprou a casa em que a senhora que substituiu o cargo ocupado certa feita por Olívio Dutra atualmente habita. E talvez seja preciso lembrar quem indicou o atual presidente do Tribunal de Contas do Estado, também presente na lista desta tarde.


Na Assembléia, os cúmplices desses réus se recusam a assinar uma CPI. Recusam-se, é de se concluir, porque foi um documento produzido após a realização da CPI do DETRAN, no ano passado, que deu origem à investigação cujos resultados hoje vieram parcialmente à tona. Os cúmplices dessa gente não querem CPI, a começar pelo Senador Pedro Simon, neste momento encenando uma peça sobre probidade e ética, no caso, contra José Sarney, o mais recente neófito da política peemdebista.


Nesta tarde, o que importa é a claridão que suprime o ressentimento e libera o espírito e a Política das trevas em que se foi metendo o Rio Grande do Sul, há pouco mais de dez anos. Há uma expressão médica que nomeia aquela melhora que um paciente terminal experimenta dias ou no dia anterior a sua morte: melhora crepuscular. Pode-se dizer que o irracionalismo e a barbárie contra o seu povo e sobretudo contra a democracia constituíram a melhora crepuscular da direita gaúcha, que se fortaleceu a partir de 1999. Melhora que ganhou vigor na campanha delirante de afastamento do fabricado tumor maligno, finalmente derrotado nas eleições de 2002. E que foi se consumindo como metástase e putrefação ao vivo, nesta tarde. Dez anos, esta tarde. É isso o que importa.