Depois que o PMDB entrou em estado de alerta, buscando reverter sua tendência de queda nas pesquisas, esta semana foi a vez da tucana Yeda Crusius apresentar novidades em sua campanha. No horário eleitoral, Yeda passou a atacar o PT e o PMDB frontalmente, comparando números de seu governo com os antecessores e criticando diretamente José Fogaça.
Inabalável, Tarso Genro parece não estar muito preocupado com os ataques. Depois que sua campanha detectou o crescimento do lulismo e articulou-se com ele, o petista, na esteira de Dilma, rompeu o isolamento e passou a crescer dia a dia. No último período, vem fazendo movimentos inimagináveis há alguns meses, como resgatar sua passagem pela prefeitura de Porto Alegre.
Nenhuma pesquisa até este momento deu qualquer alteração na tendência de vitória do candidato petista. Ao contrário, todas refletem o que se vê nas ruas: uma tranquila e quase “natural” decisão do eleitor em favor de Dilma e, agora, em favor de Tarso.
A hora dos desesperados
Assim como o lulismo se impôs nacionalmente, agora a mesma dinâmica está se reproduzindo nesta reta final no Rio Grande do Sul. Só que de um modo rápido, e talvez inseguro.
Na disputa presidencial, houve um momento em que a decisão foi tomada. Na minha opinião, foi na entrevista à rede Globo. Dilma enfrentou as feras, Marina não mostrou a que veio e Serra, ainda que bem tratado, não conseguiu se sobressair. Ali, as últimas esperanças tucanas e verdes de levar a decisão para um segundo turno, e eventualmente vencer, se tornaram pó entre os dedos.
No Rio Grande do Sul, o momento que decidiu a eleição foi menos perceptível. No início da disputa, na primeira visita de Dilma candidata ao Estado, a campanha presidencial abriu uma janela para o PMDB gaúcho apoiá-la e acompanhar Michel Temer. José Fogaça, Pedro Simon e Mendes Ribeiro fecharam a porta e perderam o rumo. Não perceberam o amadurecimento e a politização do eleitor brasileiro, nem a abrasileiração do eleitor gaúcho. O resultado é o que estamos vendo.
Creio que nestes últimos dias de disputa estamos tendo uma decisão em massa do eleitorado gaúcho em favor dos candidatos lulistas. Assim como as denúncias e manobras de Serra e do PIG não surtiram o efeito de reverter o crescimento de Dilma, no Rio Grande do Sul a mobilização do PMDB e a metralhadora giratória que se tornou a campanha do PSDB não terão o efeito de reverter o crescimento de Tarso.
O mais provável, inclusive, é que aumente o desespero nas hostes tucanas e peemedebistas. E aumentando o desespero, os erros podem aumentar e aparecer ainda mais.
Nota sobre o senado
Ana Amélia Lemos, jornalista da RBS, candidata pelo PP, conseguiu rapidamente posicionar-se em primeiro lugar nas pesquisas. Na onda lulista, Paulo Paim (PT), que até agora esteve com sua reeleição ameaçada, tende a se recuperar e manter sua cadeira. Já Germano Rigotto (PMDB), se confirmarem-se as tendências, pode amargar uma segunda derrota, quatro anos depois de perdido o governo do Estado.
Em 2006, Rigotto foi candidato a reeleição. Correndo por fora, Yeda Crusius ultrapassou-o no primeiro turno e venceu Olívio no segundo. Agora, Rigotto decidiu ir ao senado, contando com uma eleição quase certa. Ana Amélia, correndo por fora, pode repetir o feito de Yeda.
Um amigo, militante do PMDB, jura que o seu partido, em especial a ala Simon, caiu em desgraça junto à RBS. “Hoje, eles odeiam mais a gente que ao PT”, afirmou. Um acompanhamento cuidadoso da linha editorial da RBS nesta eleição no que diz respeito ao Senado não desmente a afirmação do meu amigo.
Vá saber!
Publicado na Carta Capital
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