O grito de guerra “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” agora precisa de uma nova rima. Parte da militância política brasileira encontrou no jornal Folha de S. Paulo o alvo preferencial para críticas relacionadas à cobertura eleitoral em 2010. Após seguidas manchetes contrárias a Dilma Rousseff, candidata do PT à presidência da República, a Folha virou protagonista de uma forte mobilização de piadas no Twitter.
Inspirado no “Chuck Norris Facts”, que atribuía grandes feitos ao ator, está circulando no Twitter o “Dilma Facts by Folha”. São manchetes que, segundo os twitteiros, a Folha de S. Paulo faria para atacar Dilma. Coisas do tipo “Quando Dilma mergulhou no Mar Morto ele não estava nem doente”, ou “Adolescente grávida afirma: o pai é Dilma”, ou ainda “Dilma inventou a vuvuzela”. A hashtag (expressão) #dilmafactsbyfolha ficou boa parte do domingo em primeiro lugar no Trending Topics Brasil, que relaciona as expressões mais citadas no Twitter, e nessa segunda-feira continua entre as 10.
A reação da internet à cobertura que a Folha vem fazendo deve servir de alerta aos grandes veículos da imprensa brasileira: eles estão sendo fiscalizados. Ainda que tenham conseguido impedir até agora o avanço de qualquer proposta de controle social da mídia, não estão conseguindo barrar a força da internet, que tende a crescer e chegar às ruas em pouco tempo.
A imagem da Folha está sendo arranhada, isso é fato. Por causa de sua clara tendência a acusar Dilma e proteger o candidato do PSDB, José Serra, o jornal vem sofrendo pesadas críticas. Começa a ser construída na web uma imagem da Folha como pouco mais que um veículo a serviço do PSDB. O jornal tem muitas qualidades, é inegável, e essa imagem traduz apenas uma das facetas da Folha, mas é a que está começando a impregnar o imaginário.
A Folha, como os outros grandes veículos, precisa ficar atenta. Como anos atrás o grito de “abaixo a Rede Globo” ganhou as ruas, a comoção popular contra quem manipular as informações tende a crescer. A internet, aos poucos, vai tomar outros espaços, e tende a transferir seu potencial mobilizador para fora dos computadores. Se o fim dos jornais impressos não é uma realidade, o enfraquecimento dos veículos que não prestarem informações confiáveis parece ser o caminho que se avizinha. Agora, todos somos fiscais da mídia.
Do Jornalismo B
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