Em setembro de 2009, a insuspeita Folha de São Paulo publicou reportagem de Marta Salomon mostrando que o desmatamento na Amazônia havia sido o menor desde 2004. Dez meses depois, já na Agência Estado, a mesma Marta Salomon, que faz jornalismo investigativo sério sobre o assunto, mostrava mais uma queda no desmatamento.
As conquistas nesse campo são méritos tanto da gestão de Marina Silva como da Carlos Minc, que continuou o trabalho de Marina. Não é segredo para ninguém que houve e há tensões no interior do governo, o que é perfeitamente natural num governo democrático de coalizão. Da mesma forma como há tensões entre o Ministério da Agricultura, mais alinhado com os interesses do agronegócio, e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, mais pautado pelos interesses dos trabalhadores rurais, também há tensões entre as áreas do governo responsáveis pela implementação de projetos, como a Casa Civil, e o Ministério do Meio Ambiente. Essa pluralidade de perspectivas pode e deve ser defendida. O que não podemos é entregar o Palácio do Planalto a uma coalizão hegemonizada por aqueles denunciados por Carlos Minc nesta entrevista:
Operação Arco de Fogo sofre pressão política, diz MincA Operação Arco de Fogo foi fundamental para a redução contínua do desmatamento na Amazônia. A ação combinada da polícia Federal, IBAMA, ICMBio e Força Nacional de Segurança desarticulou a exploração ilegal de madeira, gerando forte resistência política. O principal articulador dessa resistência foi o PSDB, como afirma o próprio site do partido. Na ofensiva contra a Operação Arco de Fogo, os senadores da oposição se aliaram ao setor madeireiro, um dos principais interessados no bloquear o trabalho da PF, do IBAMA e da FNS.
Curiosamente, a votação de José Serra no Norte do Brasil no primeiro turno é proporcional ao desmatamento. No Arco de Fogo, no Pará, onde se concentram os municípios que mais desmatam, Serra venceu, como mostra o gráfico abaixo:
A coalizão que apoia Dilma Rousseff não está livre de desmatadores, é verdade. Mas a diferença entre a composição total das forças que apoiam Dilma e aquelas que apoiam Serra é abissal. Trata-se de eleger um governo alinhado com um projeto político no qual figuras como Marina Silva e Carlos Minc tiveram papel protagônico ou ceder terreno para que as Kátias Abreu tenham a última palavra sobre as políticas agrícola e ambiental. Em sua esmagadora maioria, os desmatadores estão com Serra. Os ambientalistas, em nome de uma pureza inatingível, não podem se omitir. A opção é eleger Dilma e lutar por espaço dentro de seu governo como fizeram, no governo Lula, Marina Silva e Carlos Minc.
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