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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O ambientalismo e o segundo turno das eleições

Pode-se argumentar que o governo Lula não foi longe como poderia ter ido na área de meio ambiente. Está aí o Blog do Sakamoto, vigilante e crítico, para nos lembrar de tudo o que ainda resta por ser feito. O que é indiscutível é que houve avanços enormes em relação ao governo tucano e que haveria grande retrocesso nesta área com a eleição de José Serra. Na questão do trabalho escravo, por exemplo, na qual o Sakamoto é um dos maiores especialistas brasileiros, há dois dados fundamentais. O governo Lula libertou quase seis vezes mais escravos que o governo FHC. Dilma assinou um compromisso contra o trabalho escravo. Serra, não.

Em setembro de 2009, a insuspeita Folha de São Paulo publicou reportagem de Marta Salomon mostrando que o desmatamento na Amazônia havia sido o menor desde 2004. Dez meses depois, já na Agência Estado, a mesma Marta Salomon, que faz jornalismo investigativo sério sobre o assunto, mostrava mais uma queda no desmatamento.

As conquistas nesse campo são méritos tanto da gestão de Marina Silva como da Carlos Minc, que continuou o trabalho de Marina. Não é segredo para ninguém que houve e há tensões no interior do governo, o que é perfeitamente natural num governo democrático de coalizão. Da mesma forma como há tensões entre o Ministério da Agricultura, mais alinhado com os interesses do agronegócio, e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, mais pautado pelos interesses dos trabalhadores rurais, também há tensões entre as áreas do governo responsáveis pela implementação de projetos, como a Casa Civil, e o Ministério do Meio Ambiente. Essa pluralidade de perspectivas pode e deve ser defendida. O que não podemos é entregar o Palácio do Planalto a uma coalizão hegemonizada por aqueles denunciados por Carlos Minc nesta entrevista:

Operação Arco de Fogo sofre pressão política, diz Minc

A Operação Arco de Fogo foi fundamental para a redução contínua do desmatamento na Amazônia. A ação combinada da polícia Federal, IBAMA, ICMBio e Força Nacional de Segurança desarticulou a exploração ilegal de madeira, gerando forte resistência política. O principal articulador dessa resistência foi o PSDB, como afirma o próprio site do partido. Na ofensiva contra a Operação Arco de Fogo, os senadores da oposição se aliaram ao setor madeireiro, um dos principais interessados no bloquear o trabalho da PF, do IBAMA e da FNS.

Curiosamente, a votação de José Serra no Norte do Brasil no primeiro turno é proporcional ao desmatamento. No Arco de Fogo, no Pará, onde se concentram os municípios que mais desmatam, Serra venceu, como mostra o gráfico abaixo:


Serra-Madeireiros.jpg
clique na imagem para ver em tamanho maior

A coalizão que apoia Dilma Rousseff não está livre de desmatadores, é verdade. Mas a diferença entre a composição total das forças que apoiam Dilma e aquelas que apoiam Serra é abissal. Trata-se de eleger um governo alinhado com um projeto político no qual figuras como Marina Silva e Carlos Minc tiveram papel protagônico ou ceder terreno para que as Kátias Abreu tenham a última palavra sobre as políticas agrícola e ambiental. Em sua esmagadora maioria, os desmatadores estão com Serra. Os ambientalistas, em nome de uma pureza inatingível, não podem se omitir. A opção é eleger Dilma e lutar por espaço dentro de seu governo como fizeram, no governo Lula, Marina Silva e Carlos Minc.

do O Biscoito Fino e a Massa

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Os novos Judas


A coisa mais maravilhosa na verdade é que ela tem uma capacidade inacreditável de brotar, a despeito do quanto busquem escondê-la sob a propaganda. Aliás, nem é preciso que a escavemos, busquemos nas entrelinhas. Não, ela surge, luminosa, nos momentos decisivos, quando uma coeltividade busca seus caminhos. O acessório, o ilusório, o modismo, tudo se dissolve e a realidade aparece.

Ontem, mesmo ainda meio baqueado, já havia dado para divisar a questão central contida na decisão que Nação irá tomar: se vamos continuar no caminho da afirmação soberana do Brasil – a qual passa, indispensavelmente, pelo desenvovimento humano – ou se iremos retormar nossa mal-disfarçada sina de colônia ajoelhada ante as esquadras financeiras da ordem neoliberal, o nome atual do colonialismo e da dominnação pelos países centrais.

Nem precisávamos t~e-lo feito. Como uma força irresistível, neste momento em que divisaram, graças às explorações mais abjetas e ao papel confusionista da candidatura Marina Silva, a própria direita o evidencia.

A capa do Estadão de hoje, que reproduzo ao lado, mostra que a direita, agora, não quer enfrentar Dilma. Está se achando capaz de enfrentar o que representou o Governo Lula.

Discussões como esta do aborto já deram o que tinham que dar. São lateralidades que serviram apenas – repito, com a tosca colaboração de Marina Silva – para encobrir a questão central. A este tipo de história, ao contrário do que vêm dizendo muitos dirigentes que estão ainda com a cabeça no que aconteceu nos últimos dias do primeiro turno, tem de ser afastado de plano, com um único argumento: ” em oito anos de governo, aponte um ato de Lula ou Dilma neste sentido, ou qualquer coisa que se assemelhe a discriminação religiosa. Não tem, não é?

E vamos direto ao que está em jogo: um Brasil que não se ajoelha, que voltou a se desenvolver, a gerar empregos, a valorizar os salários, a defender da cobiça internacional as nossas riquezas sempre espoliadas e, agora, este imenso tesouro de petróleo encontrado no pré-sal.

Aliás, o genro de FHC e assessor de Serra, Davi Zylbernstein, já deixou claro que as novas leis do petróleo devem ser revistas. Revistas para que fim? Para abrir o petróleo do pré-sal às multinacionais, para negociar, em troca de migalhas, a riqueza que pode ser a redenção do povo brasileiro.

Os marqueteiros vão torcer o nariz, mas temos logo que colar na testa desta gente o estigma que devem ostentar como traidores da pátria: entreguistas. Sim, pois é entreguistas o que eles são.

São, como o foi Fernando Henrique, verdadeiros judas da nacionalidade. Aliás, quem diz é o próprio FHC, Serra é mais vendedor do que ele e foi quam mais pressionou pela venda da Vale e de suas imensas reservas de minério brasileitro.

Se querem discutir religião, tomem logo este nome como padrão: Judas, o que entregou seus irmãos e Cristo por trinta dinheiros. Os judas de hoje são cheios de argumentos sofisticados, mas da parafernália midiática de que dispõe emerge, quando eles estão inflados de pretensão, a verdade cristalina sobre o que são.


Do blog do Brizola Neto

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Geografia do voto

Desempenho dos candidatos nas eleições 2010, município por município. Compare com os mapas de 2006. Passe o mouse para ver os detalhes.
By: Estadão

O mapa da eleição presidencial mostra que a petista Dilma Rousseff teve desempenho melhor nas cidades pequenas e médias. Marina Silva (PV) colheu os resultados mais favoráveis em grandes colégios eleitorais, enquanto Serra teve votação mais homogênea nos municípios de diferentes tamanhos.
Das 126 cidades onde foram contabilizados mais de 100 mil votos válidos saíram 63% dos eleitores da candidata do PV. No caso de Serra, 44% de seus votos são oriundos desses grandes municípios, e 39% no caso de Dilma.
Isso significa que a batalha pela conquista do eleitorado de Marina no segundo turno será travada, principalmente, nas grandes cidades do País.
Dilma ganhou em 78 das 126 maiores cidades (62%, porcentual inferior à média do total de cidades onde a candidata ficou à frente). Serra venceu em outras 44 e Marina, em 4.
De 3.529 municípios com menos de 10 mil votos válidos para presidente, Dilma extraiu 20% de sua votação, contra 16% de Serra e 8% de Marina. Essas cidades representam 17% dos votos válidos, na média. Dilma foi a mais votada em 77% deles (acima de sua média).
Já dos 1.508 municípios com entre 10 mil e 100 mil votos válidos (responsáveis por 38% dos votos válidos para presidente), Dilma e Serra extraíram praticamente o mesmo porcentual de suas respectivas votações: 41% e 40%, respectivamente, contra 29% de Marina. Dilma venceu em 69% dessas cidades médias.
As contas foram feitas pelo Estado quando havia dados disponíveis sobre a votação em 5.164 dos 5.565 municípios do Brasil (93% do total).
Avanço do PT. A comparação do mapa atual com o da eleição de 2006 mostra que Dilma venceu em mais municípios que Luiz Inácio Lula da Silva quando disputou a reeleição. Na época, no primeiro turno, o petista ficou à frente de seu adversário do PSDB, Geraldo Alckmin, em 3.103 cidades, o equivalente a cerca de 56% do total.
A candidata do PT ganhou em pelo menos 3.833 (74% das cidades com votos contados). O número aumentará quando forem levados em conta os 7% de municípios para os quais o Tribunal Superior Eleitoral não havia divulgado dados no momento da tabulação feita pelo Estado.
Serra, por sua vez, não atingirá o placar obtido por Alckmin em 2006 – vitória em 2.462 cidades. Neste ano, o candidato tucano superou os adversários em 1.318 municípios (25,5% do total analisado).
A terceira colocada na eleição presidencial de 2006, Heloísa Helena (PSOL), não conseguiu vencer Lula e Alckmin em nenhum dos municípios brasileiros. A terceira força de 2010, Marina Silva, ganhou em pelo menos dez cidades, entre elas duas capitais de Estados (Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Vitória, no Espírito Santo), além da capital federal, Brasília.
Outra vitórias da candidata do PV ocorreram em municípios grandes como Vila Velha (ES) – que tem mais eleitores que Vitória -, Nova Lima (MG), Sabará (MG) e Niterói (RJ).
Votação proporcional. Os mapas do desempenho dos candidatos, publicados nesta página, mostram que Marina teve votação acima da média em cidades próximas da capital mineira e em quase todo o Rio de Janeiro. No Estado, além de Niterói, ela venceu em Volta Redonda e em cidades da chamada Região dos Lagos e arredores – Cabo Frio, Araruama, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia.
O mapa de Marina também mostra concentração de votos em algumas áreas da Região Norte, embora ela não tenha vencido em nenhuma cidade lá – em Rio Branco (AC), sua base eleitoral, ficou atrás de Serra.
A votação de Dilma ficou acima de sua média nacional nas Regiões Norte e Nordeste, além do norte de Minas Gerais, do sul do Tocantins e de uma pequena área no centro do Rio Grande do Sul.
Em quase todo o Nordeste, Dilma obteve mais de 65% dos votos válidos. Em diversas cidades de Pernambuco, Ceará, Bahia, Alagoas, Piauí, Paraíba e Maranhão ela chegou a 80% de votos válidos. Em Catumbi (PE), alcançou quase 95%.
Serra, por sua vez, teve votação acima de 65% dos válidos em áreas pequenas e descontínuas do mapa eleitoral, no Pará, em Mato Grosso e em São Paulo. A cidade em que recebeu a melhor votação proporcional foi Marcelândia (75%).
Capitais. Das 26 capitais de Estados, Dilma venceu em 13, Serra em 11 e Marina em duas.
A candidata do PT triunfou em todas as capitais do Nordeste, com exceção de Aracaju (SE) e Maceió (AL), onde Serra ficou à frente.
O candidato do PSDB venceu nas três capitais da Região Sul – Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e Curitiba (PR). No Norte, ele ganhou em Boa Vista e em Rio Branco.
Em São Paulo, maior cidade do País, teve vantagem de apenas dois pontos porcentuais (40,3% contra 38,1% contra Dilma).
Marina, além de vencer em Belo Horizonte e Vitória, conseguiu chegar à segunda colocação em capitais como Palmas (TO), Salvador (BA), Florianópolis, Recife (PE), Fortaleza (CE) e João Pessoa (PB).
José Roberto de Toledo

O que dizem os votos de Marina e como conquistá-los

Você pode discutir qual é o peso relativo dos três (não dois) grandes blocos de votos que contribuíram para os surpreendentes 20% de Marina Silva: 1) o voto estritamente marinista, verde, ecológico, que é crítico de algo maior que o PT, ou seja, de todo um paradigma desenvolvimentista que, ironia das ironias, o PT veio a representar melhor que ninguém; 2) o voto "ético"-jovem-universitário-profissional-liberal-urbano, uma parte dele (a maior, me parece) composta por desiludidos com erros ou presepadas do PT, e a outra parte (menor, me parece) composta por eleitores movidos pelo episódio Erenice; 3) o voto evangélico que, por sua vez, tampouco é homogêneo, posto que formado de uma parcela—menor, creio—de votantes que já estavam com Marina e outra parcela—maior, creio—que foi mobilizada em termos anti-Dilma às vésperas da eleição. Num debate que teria, de preferência, que se realizar com atenção aos mapas relevantes, poder-se-ia discutir à exaustão qual é a contribuição de cada um desses segmentos para o resultado final.

O que me parece indiscutível é que somente este último, o voto evangélico, chega como irrupção e acontecimento. Foi ele o grosso do voto não computado nas pesquisas. Isso me parece verdadeiro, mas não se pode pular daí para a afirmação de que foi o atraso quem impediu a vitória dilmista no primeiro turno. Essa linha de análise é sempre muito rasa.

Para a campanha de Dilma, a tarefa é dupla. Por um lado, há que se entender os recados dados por todos os segmentos que votaram em Marina, para que a partir daí ocorra a negociação e o convencimento desse eleitorado. Esses recados têm densidade, têm conteúdo, aludem a fatos reais e não se limitam, de forma nenhuma, a uma suposta “Marina no colo da direita”. Jogar por aí é não entender o jogo. Por outro lado, há que se analisar quais foram os erros de campanha de Dilma que ajudaram a impedir a esperada vitória no primeiro turno. Fazer as duas coisas já não é fácil. Fazê-las simultaneamente é mais difícil ainda, pois a primeira—ouvir realmente os eleitores de Marina—exige humildade, proximidade e empatia. A segunda tarefa—fazer a autocrítica da campanha—exige inteligência, desprendimento, distância. São duas tarefas aparentemente contraditórias, que demandam posturas e capacidades opostas, mas elas são simultâneas e complementares.

O fascinante do resultado de domingo é que todo mundo errou. Se alguém aí previu que Marina venceria em Belo Horizonte, Maceió, Distrito Federal, Nova Lima, Volta Redonda, Vitória, Vila Velha e Niterói, além de praticamente empatar com Dilma em Natal e superá-la em Campina Grande, levante a mão, mostre um link com data anterior a 03 de outubro, que eu visto uma camisa do Flamengo ou do Cruzeiro aqui, a gosto do freguês. Todo mundo errou nas previsões, inclusive o vitorioso de domingo na eleição presidencial, que foi claramente o campo marinista. Por isso o futebol, na sua imponderabilidade, é o esporte que mais tem a ver com a política democrática. Sim, trata-se do velho clichê da caixinha de surpresas, mas também do dado menos óbvio de que o futebol é o menos contábil dos esportes, e se há uma mensagem relevante que a campanha de Marina tentou transmitir é a crítica à redução do mundo a uma lógica contábil. Quando gente como Ricardo Paes de Barros, José Miguel Wisnik, Alexandre Nodari e Eduardo Viveiros de Castro coincidem numa candidatura que não é a sua, ou que não é a que você esperava que eles apoiassem, só um sectário muito desprovido de sensibilidade passaria à desqualificação sem uma escuta detida.

No campo dos erros, há que se destacar os estruturais, mais antigos, e os conjunturais, que se manifestaram de uma forma especialmente maluca nesta campanha. Os erros estruturais são parte do recado das urnas marinistas e não podem ser ignorados. O caso de Belo Horizonte é emblemático. Há exatos dois anos, o PT concluía 16 anos de governo de uma coalizão sua na cidade, com um prefeito que deixava o cargo com noventa por cento de aprovação. Esse prefeito, Fernando Pimentel, é diretamente associado a Dilma e é parte da cúpula de sua campanha. A cidade não tem qualquer tradição de antipetismo raivoso como aquele encontrado em partes de São Paulo e Porto Alegre. Como é possível que o resultado aqui tenha sido Marina Silva 39,9%, Dilma Rousseff 30,9% e José Serra 27,7%, num contexto de grande vitória da esquerda nas legislativas?

Essa parte me parece relativamente simples. As urnas disseram: “não gostamos das lambanças do PT-BH nas eleições de 2008 e do PT-MG em 2010, apesar de o PT ter governado bem a cidade. Votaremos em alguém que é suficientemente próxima aos ideais da bem sucedida prefeitura de 1992-2008, mas que se afastou do campo petista, em parte, por lambanças como essa”. Junte-se a esse recado mais estrutural a avalanche de desinformação e propaganda pra cima dos evangélicos nos últimos dias--essa avalanche realmente existiu—e você tem os ingredientes dos números que deixaram todos os junkies políticos belo-horizontinos de queixo caído. Os mesmos ingredientes se combinam em outras latitudes, como o Acre, um estado onde o PT tem fortíssimas raízes, elegeu o Governador e um Senador, mas no qual Dilma ficou empatada com Marina e bem longe de Serra. Se você é petista e não vê aí um recado além do “Marina está no colo da direita” ou do “Marina é a falência do movimento ecológico” (sim, isso foi escrito), sinto muito, você precisa ler a Flávia Cera.

É sabido que, por volta de dois meses atrás, um grupo de lideranças evangélicas procurou a campanha de Dilma, preocupadas com a disseminação de boatos e emails falsos. A campanha fez a “Carta ao Povo de Deus” e ficou por isso mesmo. Os programas de João Santana—excelentes, belíssimos, inovadores—não dedicaram um só minuto, no entanto, à refutação da pilha de spam religioso anti-Dilma disseminada para púlpitos e fiéis. A coordenação de internet não ofereceu respostas a isso. Preferiu brincar de Twitter e #ondavermelha. A campanha online foi feita à base do cada um por si, sem que se aproveitasse de forma coordenada a enorme base de recursos humanos da esquerda brasileira na rede.

Quando os evangélicos voltaram a procurar a campanha de Dilma, em setembro, o nível da loucura havia piorado sensivelmente. Algumas lideranças religiosas gravaram depoimentos de apoio à candidata petista, mas não houve uma resposta sólida e consistente da campanha. Os marqueteiros não são lá grandes fãs do potencial da rede e, por sua vez, a coordenação de internet de Dilma era pobre e fraca de ideias. É importante reconhecer isso sem que esse reconhecimento nos ensurdeça para o recado real das urnas marinistas, que transcende em muito o spam do ódio.

É evidente que temos que explicar que Michel Temer não é satanista. Aliás, podemos inclusive esclarecer que ele já fez pactos com o DEM mas, pelo que nos consta, com Satã nunca aconteceu. Mas é preciso fazer isso sem desmerecer ou desqualificar o recado dado pelas urnas marinistas em sua totalidade, sem reduzir o voto de Marina a qualquer um de seus blocos, muito menos o evangélico, justamente aquele que é mais conjuntural (apesar que não necessariamente menos numeroso) na constituição da identidade da sua candidatura.

Não há motivo para pânico. Marina tem muito mais a ver com Dilma que com Serra, e isso é o próprio Serra quem diz. Para nós, faltam 3 pontinhos. Para Serra, faltam quase 18. Marina sabe que coloca seu capital político em maus lençóis se apoiar alguém como Serra. Também sabe que não lhe interessa entregar nada de graça a Dilma agora, e há que se entender isso. É da política. Um petista reclamando que Marina não está agindo de forma a facilitar as coisas pra nós é como um lateral queixando-se de que um ponta o engana, fingindo que vai abrir o jogo para depois cortar para o meio. Ora, você tem que aprender a marcar. O jogo é jogado.

Ainda estamos bem, mas é preciso jogar com inteligência, humildade e decência e, acima de tudo, não deixar que nenhuma dessas qualidades atrapalhe as outras duas.


Do blog O Biscoito Fino e a Massa

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Nasce o argumento Verde, o novíssimo discurso da velha direita

Marina Silva em Wall Street

"Wall Street" é, entre outras coisas, o nome do novo filme do cineasta norte-americano Oliver Stone. Ele conta a história da crise financeira de 2008 tendo como personagem central um jovem especulador financeiro que parece ter algo semelhante ao que um dia se chamou pudor.

Sua grande preocupação é capitalizar uma empresa, que visa produzir energia ecologicamente limpa, dirigida por um professor de cabelos brancos e ar sábio. O jovem especulador é, muitas vezes, visto pelos seus pares como idealista. No entanto, ele sabe melhor que ninguém que, depois do estouro da bolha financeira, os mercados irão em direção à bolha verde. Mais do que idealista, ele sabe, antes dos outros, para onde o dinheiro corre. Enfim, seu pudor não precisa entrar em contradição com sua ganância.

Neste sentido, "Wall Street" foi feliz em descrever esta nova rearticulação entre agenda ecológica e mundo financeiro. Ela talvez nos explique um fenômeno político mundial que apareceu com toda força no Brasil: a transformação dos partidos verdes em novos partidos de centro e o abandono de suas antigas pautas de esquerda.

A tendência já tinha sido ditada na Europa. Hoje, o partido verde alemão prefere aliar-se aos conservadores da CDU (União Democrata-Cristã) do que fazer triangulações de esquerda com os sociais-democratas (SPD) e a esquerda (Die Linke). Quando estiveram no governo de Schroeder, eles abandonaram de bom grado a bandeira pacifista a fim de mandar tropas para o Afeganistão. Com o mesmo bom grado, eles ajudaram a desmontar o Estado do bem-estar social com leis de flexibilização do trabalho (como o pacote chamado de Hartz IV). Daniel Cohn-Bendit, um dos líderes do partido verde francês, fez de tudo para viabilizar uma aliança com os centristas do Modem. Algo que soaria melhor para seus novos eleitores que frequentam as praças financeiras mundiais.

No Brasil, vimos a candidatura de Marina Silva impor-se como terceira via na política. Ela foi capaz de pegar um partido composto por personalidades do calibre de Zequinha Sarney e fazer acreditar que, com eles, um novo modo de fazer política está em vias de aparecer. Cobrando os outros candidatos por não ter um programa, ela conseguiu esconder que, de todos, seu programa era o economicamente mais liberal. O que não devia nos surpreender. Afinal, os verdes conservaram o que talvez havia de pior em maio de 68: um antiestatismo muitas vezes simplista enunciado em nome da crença na espontaneidade da sociedade civil.

Não é de se estranhar que este libertarianismo encontre, 40 anos depois, o liberalismo puro e duro. De fato, a ocupação do centro pelos verdes tem tudo para ficar. Ela vem a calhar para um eleitorado que um dia votou na esquerda, mas que gostaria de um discurso mais "moderno". Um discurso menos centrado em conflitos de classe, problemas de redistribuição, precarização do trabalho e mais centrado em "nova aliança", "visão integrada" e outros termos que parecem saídos de um manual de administrador de empresas zen. Alguns anos serão necessários para que a nova aliança se mostre como mais uma bolha.

Artigo de Vladimir Safatle, professor no departamento de filosofia da USP. Publicado hoje na Folha.


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Hoje cedo, a jornalista global, Miriam Leitão, disse o seguinte sobre Marina Silva:

- Ela está fazendo um discurso de estadista!

Sem comentário.


Do Diário Gauche

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cristão não sabe que o partido de MARINA defende a liberação da MACONHA


Por que MARINA SILVA esconde a liberação da MACONHA que seu partido, o PV defende e sempre foi Programa de Governo?

Todos sabem que FERNANDO GABEIRA é um grande defensor da liberação da Maconha no Brasil, desde 1989. Na primeira eleição direta para o Planalto após a ditadura, Gabeira aparecia na TV entre tanques e canhões para defender o fim do serviço militar. Descriminalização da maconha e do aborto, fim do serviço militar obrigatório, criação de “ecotaxas” para coibir o consumo de gasolina e a produção de automóveis são bandeiras do PV, que MARINA SILVA prefere ESCONDER.
Segundo a própria MARINA SILVA, que tenta evitar polêmicas que possam contrariar o eleitor conservador, os militares ou as convicções religiosas da candidata, que é evangélica. Por isso, MARINA MENTE e OMITE.
A descriminalização do aborto, prevista na primeira campanha verde e no documento partidário, também sumiu da pauta. Em entrevistas, a candidata MARINA sugere um plebiscito sobre o assunto, jogando para o povo, o que seria de sua responsabilidade, demonstrando que é omissa em temas polêmicos.
O povo brasileiro não conhece o outro lado de MARINA SILVA. Isso é muito perigoso para o Brasil.


Do Blog da Dilma

terça-feira, 10 de agosto de 2010

William Bonner, Mensalão e Homer Simpson

Foi cômica a cena do Jornal Nacional de hoje. O casal William Bonner e Fátima Bernardes entrevistou a candidata Marina Silva. Lá pelas tantas Willian começa a falar no "mensalão do PT", assunto que nada tem a ver com a candidatura Marina. Ela responde a pergunta, mas Bonner insiste no tema várias vezes.
Ora, não há dúvidas de que ele queria indiretamente atingir à Dilma. Como julga que todos os telespectadores de seu telejornal sejam toscos como Homer Simpson - não fui eu que disse isso, foi ele mesmo sem saber que estava sendo gravado - acreditou que ninguém notaria a manobra imbecil que protagonizou.
Pois bem, vou usar do mesmo expediente:
1-Vocês se lembram do episódio lamentável de 82, em que a Globo quis fraudar as apurações da eleições do estado do RJ? Se não fosse o Brizola botar a boca no trombone, a Vênus Platinada teria levado as eleições na "mão grande".
2- Vocês lembram do debate Lula/Collor de 89, que a globo armou uma das mais vergonhosas fraudes eleitorais que se tem notícia?
O que isto tem a ver com o assunto? Pouca coisa. Mas certamente muito mais do que a patacoada que Bonner Simpson fez hoje.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Globope agora já admite vitória de Dilma no 1º Turno

Nada melhor que um dia depois do outro. O Globope não só reconhece agora a liderança de Dilma, como aponta para uma possível vitória já no primeiro turno. Depois de ficar meses remando contra a maré, o instituto se rende aos fatos por não mais poder esconder a força de Lula/Dilma. A informação é do Jornal Correio do Brasil:


Dilma assume a dianteira nas pesquisas


Dilma aponta para vitória no primeiro turno

Candidata do PT à Presidência da República, a economista de esquerda Dilma Rousseff superou pela primeira vez o colega da direita, o tucano José Serra, na corrida ao Planalto. Distante mais de três meses das eleições, a petista mantém uma curva ascendente que a coloca, neste momento, com 45% dos votos contra 38% de Serra, em um cada vez mais improvável segundo turno. Analistas estatísticos mostram que a trajetória da candidata indicada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aponta para a vitória ainda no primeiro turno. A pesquisa Ibope foi encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada na tarde desta quarta-feira. Segundo o estudo, Dilma já lidera também no primeiro turno com 40% das intenções de voto, enquanto Serra aparece com 35% e Marina com 9%.

Ainda segundo a pesquisa, Dilma venceria Marina em um eventual segundo turno com 53% das intenções contra 19% e Serra teria 49% em uma disputa com Marina (22%). A margem de erro do estudo é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo. De acordo com a pesquisa, houve uma queda de 12% para 6% no número de eleitores votariam nulo ou em branco, enquanto o número dos que não responderam ou não souberam responder subiu de 8% para 10%. Na última edição da pesquisa CNI/Ibope, em março, Serra liderava com 38% das intenções de voto, contra 33% da petista. Marina tinha 8%.

As aparições de Serra nos meios de comunicação, nos últimos dias, apesar de massiva, com participação majoritária no programa do seu partido, no dia 17, e nos programas nacionais do DEM, em 27 de maio e do PPS, em 10 de junho, além das propagandas veiculadas nos intervalos comerciais das emissoras, as chamadas "inserções partidárias", não ajudaram o candidato a subir nas pesquisas. Dilma, por sua vez, embora tenha aparecido na TV, em inserções regionais do PT, deixou o país para um giro pela Europa, onde encontrou os principais líderes políticos do continente, embora a cobertura na imprensa nacional tenha sido mais comedida.

A diferença, porém, se acentua ainda mais nas entrevistas espontânea, quando não é apresentada lista de candidatos aos entrevistados. Nessa modalidade, os votos declarados para Dilma chegam a 22% e a Lula (9%), que não é candidato, o que soma 31%, ou praticamente o dobro do que é declarado a Serra, (16%). Marina concentra apenas 3%. Os dados da pesquisa são ainda mais favoráveis a Dilma quanto ao ítem rejeição, que só faz cair desde que o público vai tomando ciência de que ela é candidata e tem o apoio do presidente. Até agora, passou de 27% para 23%, enquanto a de Serra se amplia, saindo de 25% para 30%. A de Marina, no entanto, segue estável, entre 31% e 29%.

O Ibope informou ainda que foram entrevistadas 2.002 pessoas entre 19 e 21 deste mês, em 140 municípios. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 16.292/2010.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Serra e Dilma estão tecnicamente empatados na disputa presidencial, mostra CNT/Sensus

O governador de São Paulo, José Serra, e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, estão tecnicamente empatados na disputa para a Presidência da República, segundo avaliação da pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNT) e do Instituto Sensus. Dilma tem 9,5% das intenções de voto e Serra, 9,3%. A margem de erro é de 3%.

Numa segunda lista, em que aparecem Serra, Dilma, Ciro Gomes e Marina Silva, na avaliação do Instituto Sensus, houve uma transferência de votos de Ciro para Serra e Dilma, quando observados os dados da pesquisa anterior, realizada em novembro do ano passado.

Na última pesquisa, Serra tinha 31,8% das intenções de votos, Dilma, 21,7%, Ciro estava com 17,5% e Marina, com 5,9%. No levantamento divulgado hoje, Serra, com 33,2%, e Dilma, com 27,8%, sobem nas intenções de votos e Ciro (11,9%) tem uma queda. Marina também teve aumento nas intenções de voto de 0,9 ponto percentual.

"Se compararmos os cenários, vamos ver que os votos de Ciro Gomes são divididos entre os dois candidatos, mas vão mais um pouco para a Dilma do que para o Serra.”, afirmou o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes.

Guedes disse ainda que os números mostram que Dilma já está consolidando sua candidatura. Isso porque a diferença entre ela e Serra está caindo. Na pesquisa anterior, a diferença entre Dilma e Serra era de 10,1 pontos percentuais e na pesquisa realizada em janeiro é de 5,4. “Dilma Rousseff atingiu um nível que indica consolidação da candidatura do ponto de vista da percepção do eleitor. Ela passou a ser uma candidata efetivamente competitiva”, afirmou o diretor.

A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 25 e 29 de janeiro em em cinco regiões, 24 estados, 136 municípios e com dois mil entrevistados.

Fonte: Correio Brasiliense

sábado, 30 de janeiro de 2010

A Vox Populi desencantou

(Notem que a pesquisa feita há 15 DIAS foi publicada pelo Terra apenas ontem, sexta-feira, às 21:59. Hoje, às 8 da manhã, a notícia já estava bem embaixo do portal. Ditabranda, O Globo e Estadão passaram em branco. Tivesse Serra crescido a notícia ficaria mil dias em destaque).

A pesquisa ouviu 2 mil pessoas em 23 Estados e no Distrito Federal, entre os dias 14 a 17 de janeiro.

O levantamento tem margem de erro de três pontos percentuais.


José Serra (PSDB), 34%
Dilma Rousseff (PT), 27%
Ciro Gomes (PSB), 11%,
Marina Silva (PV), com 6%.
Brancos e nulos ficaram em 10%

Dilma tem nove pontos a mais do que o registrado no último levantamento do instituto
Serra caiu cinco pontos.

Sem Ciro:

Serra 38%
Dilma 29%
Marina 8%
Brancos e nulos somaram 12%
13% não sabem ou não opinaram.

Segundo turno entre Serra e Dilma
Serra 46%
Dilma 35%
Brancos e nulos 10%
Indecisos ou não opinaram 9%

Para a revista IstoÉ divulgada em 19 de dezembro:

Serra 39%
Dilma 18%
Ciro Gomes 17%
Marina 8%


Fonte: Blog "Brasil, mostra a tua cara!"

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mais um factóide foi dissolvido, que venha o próximo


Agora, deve ser a vez da candidatura "verde"

O factóide Lina-versus-Dilma criado pela imaginação doentia da Folha, que foi replicado pelos demais sócios do PIG (Partido da Imprensa Golpista), ontem, parece ter dado mostras de falência múltipla das versões fabricadas.

Há vinte dias que esse assunto frequenta o noticiário de tevês, rádios e jornais no Brasil inteiro. O partido único da midiocracia das sete famílias deu as cartas e jogou de mão. Não gerou dividendo algum aos seus inventores, mas continuou sendo explorado até ontem à noite. Como o depoimento de Lina Vieira frustrou a todos os gigolôs dos factóides marca PIG, agora se espera um arrefecimento dos espíritos tumultuários e golpistas.

Mas eles voltarão. Há novos artefatos usinados saindo dos fornos da mídia oligárquica. Além de quererem fixar um carimbo de "mentirosa" na imagem da ministra-chefe da Casa Civil, agora a invectiva da vez é a candidatura "verde" da senadora Marina Osmarina Silva.

É curioso que, subitamente, toda a direita brasuca tenha se tornado adepta fervorosa da consigna do "desenvolvimento sustentável", vendo na senadora acreana uma porta-estandarte ideal para essa palavra de ordem tão esquecida pelos novatos que a defendem.

Enquanto isso, o tucanato de alto coturno se reúne na casa do Farol de Alexandria, também alcunhado de FHC, para "planejar a temporada de pesquisas eleitorais", eufemismo para a nova investida de manipulação grosseira dos números das sondagens.

A direita brasuca ainda enlouquece, antes das eleições de 2010.

Do Diário Gauche