sábado, 19 de fevereiro de 2011

Britto, Yeda e o golpe das estradas

Já foi assim quando o governador do Rio Grande do Sul era Antonio Britto (hoje lobista das indústrias de drogas). Seu governo liquidou parte significativa do patrimônio público gaúcho e, para tentar garantir a reeleição, abriu inúmeras frentes de obras sem o devido amparo orçamentário que garantisse a sua conclusão. Era a primeira vez que o povo gaúcho se tornava vítima do Golpe das Estradas.

O deputado federal Elvino Bohn Gass (PT), à época deputado estadual, conta que na sua cidade, Santo Cristo, a comunidade reivindicava há anos uma ligação asfáltica com o município vizinho, Alecrim. O governo Britto prometeu que faria a estrada e, quase no final da gestão, o PMDB, partido do governador, armou uma cerimônia com fogos e banda para o anúncio do início da obra. Várias retroescavadeiras foram estrategicamente postas ao lado do palanque das autoridades para facilitar o trabalho dos fotógrafos. Bohn Gass era o único deputado de oposição presente e Britto olhava fixamente para ele enquanto discursava que a conclusão daquela obra seria uma resposta aos adversários políticos que criticavam seu governo. Resumo da ópera: tão logo o circo foi desmontado, as máquinas foram retiradas e só apareceram novamente no governo Olívio, a quem coube fazer a estrada. A cena se repetiu em todos os cantos do Estado e não é de se duvidar que ainda hoje existam placas enferrujadas com o slogan do governo Britto em alguma estrada sem asfalto Rio Grande a fora.

O golpe das estradas de Britto não funcionou. Britto perdeu a eleição e quatro anos depois, quando tentou voltar ao cargo, ostentou um nada honroso terceiro lugar na eleição e nunca mais se candidatou a nada.

Passados oito anos, o povo gaúcho elegeu Yeda Crusius que, em campanha, prometeu um jeito novo de governar mas que, em menos de 100 dias, provou-se tão arcaico e suspeito quanto o do homem que ela escolheu para ser seu conselheiro-mor: ele mesmo, Antonio Britto. O governo Yeda… bem, basta que se diga que ela bateu todos os recordes de rejeição da história das pesquisas de opinião no Brasil para que se tenha uma ideia do que foi aquilo. Mas Yeda não se deu por vencida e, agarrada à teimosia e à arrogância que marcaram sua administração, jogou-se no pleito. E embora ninguém saiba se foi de Britto a sugestão de reeditar o Golpe das Estradas, o certo é que a tucana tentou repeti-lo com tantas semelhanças que não pode ter sido mera coincidência. Como Britto, ela usou dinheiro de privatizações (das ações do Banrisul) para iniciar obras em todo o Estado e, assim, quem sabe, recuperar o enorme desgaste de seu governo e dela própria. Mas como o primeiro, o segundo Golpe das Estradas não deu em nada. E por uma dessas ironias do destino, Yeda acabou no mesmo nada cômodo terceiro lugar de Britto na eleição.

Beto Albuquerque, secretário estadual de Infraestrutura e Logística do governo Tarso Genro, que sucedeu Yeda, é quem agora precisa explicar aos prefeitos e às comunidades que pedem a conclusão das obras, que elas foram iniciadas sem que houvesse dinheiro para terminá-las. E que o governo Yeda sabia disso. Beto tem preferido usar números. Diz que a média histórica de investimentos do Estado em obras é de R$ 300 milhões/ano e que o governo Yeda, no apagar das luzes, fez contratos que, somados, ultrapassam os R$ 900 milhões ou mais, criando assim a ilusão de que o Rio Grande do Sul, com ela, se transformaria num enorme canteiro de obras. Mais falso do que isso, só mesmo as desculpas que a ex-governadora dava quando era chamada a explicar sua ligação com os grupos acusados de formar quadrilhas para roubar meio milhão de reais nas fraudes do Detran e… das grandes obras. (Maneco)


Via RS Urgente

Nenhum comentário:

Postar um comentário