Nesta terça-feira, o revolucionário da comunicação, Julian Assange, criador do Wikileaks, pediu
asilo político no Equador. Assange é um perseguido político graças à
sua iniciativa de revelar, através da internet, milhares de documentos
secretos que desnudam a política externa estadunidense e seus
desrespeitos à soberania nacional dos povos, sempre com o apoio das
elites nacionais.
Após o
início da revelação dos documentos – ainda restam muitos a serem
tornados públicos – Assange foi acusado de estupro na Suécia, em uma
tentativa de detê-lo no país e, segundo ele explica, enviá-lo aos EUA,
onde poderia ser julgado pela divulgação dos documentos e condenado até
mesmo à pena de morte. Em prisão domiciliar na Inglaterra, Assange teve
seu último recurso no país negado, e estava na iminência de ser
extraditado para a Suécia quando, nesta terça, fugiu para a embaixada
equatoriana.
O tratamento
da emissora ao jornalista tem oscilado, desde sua aparição, entre
ataques por conta das revelações do Wikileaks (que envolveram,
inclusive, jornalistas da própria Rede Globo) e saudações à liberdade
de imprensa representada pelo vazamento dos documentos. Depois que
revelações sobre o Brasil começaram a ser feitas, e depois que o cerco
do governo estadunidense e de grandes empresas internacionais – Visa e
Mastercard, por exemplo – foi apertado ao redor de Assange, as
revelações do Wikileaks desapareceram da TV Globo (assim como
desapareceram dos principais jornais do país). Na matéria apresentada
pelo Jornal Nacional, a carta enviada por Assange ao presidente do
Equador, Rafael Correa, sequer é citada. Diz a carta: ”A perseguição da
qual sou alvo em diversos países deriva não só de minhas ideias e ações,
mas de meu trabalho ao publicar informações que comprometem os
poderosos, de publicar a verdade e, com isso, desmascarar corrupção e
graves abusos aos direitos humanos ao redor do mundo”.
Se Julian
Assange pede asilo no Equador, isso não acontece por acaso. Ele que a
condução da política externa de alguns governos latino-americanos não
tem sido de alinhamento automático com as pretensões estadunidenses. É o
caso do governo de Rafael Correa, como também acontece na Venezuela ou
na Bolívia, por exemplo. Estes governos, assim como Cristina Kirchner,
na Argentina, vêm atacando o controle da comunicação em seus países por
grandes grupos de comunicação, vinculados a gigantes econômicos, ao
capital internacional e à direita entreguista/neoliberal de cada um
desses países. Dessa forma, Correa, Chávez, Morales e Cristina agem em
defesa da verdadeira liberdade de expressão, a que inclui toda a
população – ou grande parte dela –, não deixando a liberdade como
direito apenas de um ou outro grupo econômico.
É contra
esse tipo de política, é contra os governos progressistas e
anti-imperialistas da América Latina, que a Rede Globo fala – e fala
como empresa com espírito monopolista e como empresa que cresceu à
sombra de uma Ditadura Militar que abriu as portas do país à invasão
econômica estadunidense – quando, pela voz do repórter Marcos Losekann,
correspondente em Londres, ataca Correa usando a ironia e o sarcasmo
travestidos como recurso de propaganda política – ainda que alegue fazer
jornalismo.
Diz
Losekann: “O curioso é que o presidente do Equador, Rafael Correa, não é
exatamente um defensor da liberdade de imprensa, ao contrário de
Assange. O presidente equatoriano vive dizendo que a imprensa está a
serviço de grandes grupos empresariais que só querem desestabilizar as
instituições”. Esquece de dizer que a imprensa a que Correa se refere
quando diz que está a serviço de grandes grupos empresariais e que só
querem desestabilizar as instituições, não é toda a imprensa, mas apenas
alguns setores da mídia que, no Brasil, são representados
fundamentalmente pela própria Globo. A reportagem do Jornal Nacional e a
forma com que foi descrito Rafael Correa são apenas mais uma
demonstração de que o presidente equatoriano tem razão no que diz.
Do Jornalismo B
Completamente Paradoxal, todos os governos sul americanos elogiados fazem exatamente aquilo que Assange mais critica: o controle do estado sob os meios de comunicação ou como se gosta de dizer por aqui: o controle social da mídia, que só existe em países de governos muquiranas.
ResponderExcluirE mais, o país que está a exigir a extradição de Assenge não é nada muquirana, um dos países mais igualitários e democráticos do mundo: a Suécia.