Por Marcos Coimbra
Adotado no Brasil desde 1997, em
condições inesquecíveis (com o jogo em pleno andamento, a apenas a um
ano para a eleição seguinte, Fernando Henrique Cardoso per$uadiu o
Congresso a alterar a Constituição para que pudesse se manter no cargo),
o instituto da reeleição no Executivo foi rapidamente aceito. As
pesquisas mostram que 80% da população o aprova.
Desde então, tivemos oito eleições.
Se contarmos as escolhas de prefeitos, governadores e presidentes da
República, são alguns milhares de processos eleitorais. Quantidade mais
que suficiente para podermos identificar os fatores a explicar sucessos
(e fracassos) dos candidatos em busca de um segundo mandato.
O que leva alguém a se reeleger? Em que circunstâncias o mandatário tem maiores chances de permanecer no cargo?
A questão é central para avaliar as
perspectivas da próxima eleição presidencial, pois Dilma Rousseff é
candidata. Não precisava, mas Lula deixou isso claro e assim
“precipitou”a eleição para “surpresa” (fingida) de alguns.
A partir do ocorrido nas eleições
entre 1998 e 2012, pode-se constatar a elevada e crescente proporção de
êxitos dessas candidaturas. Para não ficar somente nas eleições
presidenciais, em que é de 100% (dois disputaram e ambos se elegeram),
vejamos as demais.
Para governador, fomos de 66% de
reeleições, em 1998, para 81%, em 2010, quando 11 tentaram e 9 venceram.
O que era alto (dois terços de vitórias) tornou-se quase universal
(quatro resultados favoráveis em cada cinco tentativas).
O mesmo aconteceu nas eleições de
prefeito de capital. Em 2000, cerca de 70% daqueles que buscaram um novo
mandato o conquistaram. Em 2004, a proporção subiu para 73% e chegou a
95%, em 2008 (20 procuraram e 19 foram bem-sucedidos). Em 2012, a taxa
caiu para 50%, entre outros motivos pelo fato de que vários daqueles que
disputaram tinham assumido as prefeituras havia apenas dois anos, em
razão da renúncia do titular.
Ganhar, portanto, é muito mais comum
do que perder. Quais os motivos? De acordo com a nossa experiência, a
vantagem de um candidato à reeleição pode advir de combinações variadas
de cinco fatores. Às vezes, um só basta.
A “inércia”
Em geral, no mundo inteiro, quem
está no cargo tem vantagem. Para o cidadão comum, que tende a ter
interesse secundário por questões políticas, escolher o conhecido é mais
simples do que buscar alternativas. Some-se a isso o estereótipo de que
mudar implica desperdício. Os eleitores acreditam que quem chega
interrompe o que o anterior fazia e demora a ter em mãos as rédeas da
administração. Como se percebe nas pesquisas qualitativas, os eleitores
preferem deixar as coisas como estão a se aventurar pelo desconhecido.
A boa administração
Se o governo é bem avaliado, a tendência natural é a continuidade.
Argumentos hipotéticos de que “tudo
estaria melhor com fulano” esbarram no ceticismo popular em relação às
“promessas de políticos”. Quanto mais vota, mais o eleitor se convence
de que mudar só é bom quando as coisas vão mal (e, para derrotar quem
está no exercício do cargo, têm de estar muito mal).
A simpatia
Os eleitores podem gostar de um
prefeito, governador ou presidente mesmo se não o considerar um gestor
exemplar. Podem admirar suas qualidades de caráter e personalidade, ter
carinho por seu modo de ser, se emocionar com sua trajetória.
A força do símbolo
Já tivemos muitos governantes
eleitos e reeleitos pelo simbolismo do que representavam: o “homem do
povo” que enfrenta a “elite”, o “fraco” que desafia o “forte”, o
desprivilegiado que confronta o privilegiado. Na reeleição, candidatos
com esse perfil são julgados com critérios distintos dos que os
eleitores, com razão, aplicam aos “poderosos”. Têm, por exemplo, mais
prazo para “mostrar seu trabalho”.
A fragilidade dos adversários
Perante oponentes fracos, todo
candidato se fortalece. Nada melhor que lutar contra adversários
desconhecidos, que andam em má companhia ou de biografia incipiente.
Qualquer um desses fatores, mesmo
isolado, pode explicar uma reeleição, até a pura e simples inércia. Mas
isso raramente acontece. O mais comum é que ela seja acompanhada de, ao
menos, outro requisito.
Quando vários se conjugam, temos os grandes favoritos. Desde 1998, todos esse venceram.
E Dilma?
Tem a inércia a favor. Faz a mais
bem avaliada administração de nossa história em momento igual. Goza do
respeito e do afeto de mais de 80% da população. É a primeira mulher a
chegar à Presidência. Contrapõe-se a candidatos regionalmente
circunscritos e de agenda limitada.
Vai ganhar? Certeza só teremos em 2014. Mas é favoritíssima!
Via Aldeia Gaulesa
bon courage pour ton oeuvre
ResponderExcluirBoa tarde! Como sou um cara ignorante e por consequência um analfabeto político, me atrevo a fazer uma pergunta e que implica em outras perguntas. Por que no nosso País, não é perdoado as dividas dos Estados? Pelo que li, recentemente foi ou está sendo perdoado dividas dos países do continente africano. Acredito, que se fosse feito um perdão escalonado; seria bem interessante ao povo gaúcho. Exemplo: Se um governante faz uma boa administração, no final de um ano, um percentual é abatido; deixando o recurso no próprio estado. Gerando assim uma certa riqueza. (Acaso estou errado em minha forma de pensar?)
ResponderExcluir