sábado, 28 de fevereiro de 2009

"Guerra e Paz", segundo a RBS


O jornal Zero Hora requenta hoje (mais uma vez) o tema da “guerra civil” que estaria em curso no Rio Grande do Sul, destacando vozes como as de Luciano Alabarse e Lia Luft, que pregam a necessidade de “pacificação” do Estado. Isso no momento em que cresce o isolamento político do governo Yeda Crusius (PSDB), envolvido em denúncias e investigações em todas as áreas, inclusive a criminal. O interesse de ZH pelo tema da “pacificação” é inversamente proporcional ao que dedica à memória. Vale a pena lembrar algumas das coisas que o jornal dizia nos tempos do governo Olívio Dutra, tempos onde as “pombas da paz” estavam armadas até os dentes e a segurança pública era o terreno central de luta:

“Parlamento reage ao desgoverno. Pela primeira vez, as conversas e discursos no plenário da Assembléia, que é a caixa de ressonância das angústias da população, anteciparam ontem momentos de turbulência política no Estado, pelo desgoverno, quando Olívio Dutra completa 27 meses no Piratini. A reportagem de ZH sobre a mãe e duas filhas adolescentes violentadas que poderiam ter sido socorridas pela Brigada Militar de Canoas ampliou o apoio à instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caos na segurança pública. Pela primeira vez, a idéia de um processo de impeachment [a CPI não havia sequer sido aprovada] recebeu o endosso dos mais contidos e equilibrados oposicionistas”. (José Barrionuevo, Página 10, ZH, 23/03/2001)

“Poucos temas têm ocupado tanto a atenção dos cidadãos gaúchos como os relacionados à segurança pública. Historicamente encarado como exceção dentre os principais Estados brasileiros devido aos reduzidos níveis de criminalidade, o Rio Grande do Sul enfrenta hoje um paradoxo inquietante. Enquanto o crime organizado se sofistica e fortalece, os órgãos de prevenção e de repressão passam a impressão de terem sido superados pela agilidade das organizações criminosas” (ZH, 19/04/2001, Editorial)

“O sucateamento da frota da Brigada Militar e da Polícia Civil não é uma abstração criada pelos opositores do governo (Olívio) para justificar a criação de uma CPI (...). O governo do Estado está diante de um problema que exige ação imediata” (ZH, 22/03/2001, Rosane de Oliveira, editora de Política de ZH na época)

Sobre esse tema, o leitor Lupiscinio Pires recorda:

"Não se tem notícia na mídia que entre os anos de 1998 e 2002 no governo do Sr. Olívio Dutra, Luciano Alabarse tenha sugerido uma trégua da oposição e de parte da mídia aos ataques sistemáticos que aquele governo enfrentou. Igualmente não se tem notícia de algum texto da escritora Lya Luft (notória defensora do Governo Yeda) preocupada com a "guerra civil" instalada durante os 4 anos de Olivio Dutra. Naquela época, os chamados formadores de opinião e o oposição diziam que todos os males da Segurança Pública tinha um nome: José Paulo Bisol. Depois nos governos Rigoto e Yeda o problema da segurança passou a ser "estrutural" ou "uma questão nacional".

Durante a CPI da Segurança, qualquer notícia da oposição provocava um Conversas Cruzadas ou longos debates na RBS. E não se exigiam provas naqueles anos. Se os encândalos na Secretaria de Cultura tivessem ocorrido entre 1998 e 2002, certamente Luciano Alabarse e Lya Luft teriam exigido providencias de Olivio Dutra. Não foi o que ocorreu. Não resta dúvida que a proposta da Bandeira Branca no Pampa é muito interessante, pena que tenha vindo com 10 anos de atraso".


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